Três décadas da obra singular de Noronha da Costa destacadas em livro

Um livro sobre a obra desenvolvida ao longo de trê s décadas pelo pintor Noronha da Costa, considerado o criador de uma linguagem i nédita na pintura portuguesa, é hoje lançado em Lisboa, com chancela da Editoria l Caminho.

Agência LUSA /

Incluído na colecção Caminhos da Arte Portuguesa do Século XX, o livro "No ronha da Costa ou a Consciência do Tempo" é da autoria do professor catedrático da Faculdade de Belas-Artes da Universidade do Porto Bernardo Pinto de Almeida.

O autor descreve o trabalho de Noronha da Costa como "duplamente singular" por "não pertencer a nenhuma tradição propriamente plástica e, muito menos, por tuguesa", encontrando unicamente semelhanças ao trajecto do artista António Carn eiro.

Na sua obra, "que pacientemente construiu ao longo de mais de três décadas , [Noronha da Costa] organizou um vocabulário de imagens tão pessoal e exaustivo que nenhuma outra pintura portuguesa feita depois - com a excepção de Lourdes C astro, com temas afins - se lhe pode aparentar", sublinha Pinto de Almeida.

Ainda de acordo com o crítico de arte - que considera a obra de Noronha da Costa "atravessada por uma inquietação propriamente filosófica" - essa singula ridade do pintor trouxe-lhe a condição de "artista solitário".

"Como aliás acabaram sendo a maioria dos poucos grandes artistas portugues es do século XX, dada a dramática falta de contexto cultural, educacional e até artístico em que essa arte se foi fazendo, quase sempre limitada a importar mode los já experimentados lá fora", comenta ainda.

Nascido em Lisboa em 1942, Luís Noronha da Costa diplomou-se em arquitectu ra na Escola Superior de Belas Artes da mesma cidade, dedicou-se ao cinema e à p intura.

As suas primeiras exposições individuais datam de 1962, quando mostrou o s eu trabalho em Lisboa, em Paris e em Munique. Seguiram-se dezenas de mostras ind ividuais e colectivas em Portugal, Espanha, Reino Unido, Alemanha, Itália, Bélgi ca, entre outros países.

No seu trabalho aplica habitualmente pastel e tinta celulósica, mas também outros materiais, como vidro, gesso, madeira, papel, óleo de linho, betume celu loso.

Representou Portugal na X Bienal de São Paulo em 1969 e também na XXXIV Bi enal de Veneza, em 1970, e foi galardoado com o Grande Prémio Soquil, em 1969, o Prémio Europeu de Pintura atribuído pelo Parlamento Europeu em 1999, e o Prémio AICA (Associação Internacional de Críticos de Arte) em 2003.

O seu trabalho está incluído em várias colecções de arte, nomeadamente na Whashington Gallery, no Palácio de Buckingham, em Londres, na Fundação Calouste Gulbenkian, na Fundação Oriente, na Fundação António Prates, no Museu de Serralv es, no Museu Amadeo de Souza-Cardoso e em diversas instituições bancárias portug uesas e estrangeiras.

"Noronha da Costa ou a Consciência do Tempo" é lançado hoje, pelas 19:00, na Galeria António Prates Arte Contemporânea, em Lisboa.

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