Trinta anos de "Vigiar e Punir", de Foucault, em ciclo de iniciativas em Lisboa
Os 30 anos da publicação do livro "Vigiar e Punir", a mais célebre obra de Michel Foucault, servem de mote ao colóquio sobre o pensador francês que o Instituto Franco- Português (IFP) promove de quarta a sexta-feira em Lisboa.
Segundo o IFP, o pensamento de Foucault sobre a lei, a segurança e a disciplina "adquiriram uma nova urgência na actualidade", devido a fenómenos como "o terrorismo, a manipulação genética, o desenvolvimento das modalidades de vigilância, as novas epidemias ou o controlo de fronteiras".
Durante os três dias do colóquio as comunicações vão atravessar domínios tão variados como "a arquitectura das prisões, a psiquiatria, o direito, as políticas do olhar, os novos dispositivos técnicos ou as representações e práticas do corpo", revelou o IFP.
O Instituto Franco-Português vai trazer a Lisboa analistas sociais e políticos como Didier Eribon, Philippe Artières, Angel Gabilondo Pujol, Judith Revel e Toni Negri, entre outras figuras internacionais, a que se juntam vários estudiosos portugueses.
Além do colóquio, o IFP promove outras iniciativas para assinalar o 30º aniversário da edição original de "Vigiar e Punir", caso de um ciclo de cinema e vídeo, uma exposição fotográfica, instalações vídeo e um concerto.
O ciclo de cinema e vídeo, intitulado "Le monde est un grand asile", decorre até 16 de Dezembro, apresentando um dúzia de produções (documentários e ficções) assinadas por realizadores de diversos países, entre eles Pier Paolo Pasolini.
A exposição fotográfica sobre Michel Foucault e o Grupo de Informação sobre as Prisões, patente até 15 de Dezembro, e as instalações vídeo "Ver, Ser Visto e Máquinas de Ver" (07 a 30 de Dezembro) e "Urban Panopticon" (23 de Novembro a 15 de Dezembro) são outros dos eventos em torno da obra de Foucault.
O IFP promove ainda, a 15 de Dezembro, um concerto do grupo Mécanosphère, liderado por Adolfo Luxúria Canibal e pelo percussionista Benjamin Brejon, que vai articular leituras do "Panopticon", de Jeremy Bentham, e do "Livro das Máquinas", de Samuel Butler, com gravações da voz de Michel Foucault.
Um dos principais representantes do estruturalismo, Michel Foucault (1926-1984) nasceu em Poitiers, França, estudou filosofia e psicologia em Paris e foi professor universitário, granjeando de bastante prestígio intelectual ainda em vida.
A sua obra - um exaustivo trabalho sobre o saber ocidental, com destaque para as articulações entre o conhecimento e o poder, o permitido e o interdito - inclui estudos sobre a loucura, as prisões e a sexualidade.