O novo teatro municipal de Almada, que custou dez milhões de euros, só deverá começar a funcionar regularmente em Outubro, passado mais de um ano sobre a sua inauguração, disse à Lusa hoje fonte camarária.
Um ano depois de inaugurado, novo teatro de Almada abre em pleno em Outubro
Desde a sua inauguração, a 17 de Julho de 2005, a nova sala apenas acolheu um espectáculo para o público no dia do encerramento do Festival Internacional de Teatro de Almada, a 18 de Julho.
Praticamente desde essa altura, o espaço tem servido de local de ensaios para a Companhia de Teatro de Almada (CTA), grupo residente, que continua a representar as suas peças no antigo teatro municipal.
Três dias antes da cerimónia de inauguração da sala de espectáculos, a Câmara de Almada, proprietária do imóvel, e a CTA, gestora do espaço, disseram aos jornalistas que o teatro só começaria a funcionar em pleno em 2006, depois de definida a gestão e programação de espectáculos e testado o equipamento de cena.
A adjudicação do fornecimento e instalação de equipamento audiovisual, por exemplo, apenas foi aprovada em sessão de câmara em Dezembro passado.
Hoje, em declarações à Lusa, o vereador da Cultura da Câmara de Almada, António Matos, reconheceu os atrasos na entrada em funcionamento do teatro.
"Naturalmente que não estamos satisfeitos", referiu.
O autarca alegou que alguns dos atrasos se deveram à aquisição e instalação de material informático, à montagem e ensaio do equipamento de cena e às obras de adaptação da sala principal a normas de segurança recentes (colocação de sinalética para invisuais, de iluminação nos degraus da plateia e corrimãos nas coxias).
Segundo António Matos, a Companhia de Teatro de Almada previa apresentar a sua primeira grande produção na nova sala em Maio ou Junho deste ano, mas invocou que "não tinha condições artísticas para ter o teatro a funcionar agora".
De acordo com o responsável, o teatro abrirá portas no próximo dia 28 para a entrega das medalhas da cidade e em Julho para receber alguns espectáculos do Festival Internacional de Teatro de Almada, só começando a funcionar plenamente em Outubro, quando do arranque da temporada 2006-07.
Questionado sobre a programação cultural já agendada, o autarca disse, sem adiantar pormenores, que incluirá teatro, dança e música.
Contactado pela Lusa, o subdirector da CTA, Vítor Gonçalves, remeteu para o director da companhia, Joaquim Benite, um comentário a este assunto ao princípio da tarde de hoje, mas até ao momento as tentativas para obtê-lo têm sido infrutíferas.
Projectado pela dupla de arquitectos Graça Dias e Egas Vieira, que concebeu o edifício do Pavilhão de Portugal da Expo`92 de Sevilha, Espanha, o novo teatro municipal de Almada está preparado para receber espectáculos de dança, ópera, música e teatro, assim como exposições.
Tem uma sala principal com 450 lugares e uma boca de palco com cerca de 30 metros de altura - a segunda maior do país a seguir à do Centro Cultural de Belém, em Lisboa.
O equipamento dispõe ainda de áreas para sala experimental, sala de ensaios, galeria de exposições, café-concertos, livraria, ludoteca, sala de vídeo, cafetaria e alojamento para encenador ou cenógrafo estrangeiro convidado.
A câmara, que construiu e equipou o espaço, assegura as despesas de manutenção do imóvel.
A CTA gere a sala de espectáculos, incluindo a sua programação cultural, que tem de ser aprovada previamente pelo município.
No quadro das suas competências, estabelecidas no contrato de gestão assinado com a câmara em Outubro passado, a companhia residente beneficia das receitas geradas por espectáculos próprios e pelo aluguer de salas, equipamentos, cafetaria e livraria.
Embora o teatro continue sem cartaz de espectáculos, o vereador da Cultura da Câmara Municipal de Almada, António Matos, considera que a entrega da gestão do espaço à CTA "foi a melhor solução".
No antigo teatro municipal a autarquia pretende instalar a actividade de outros grupos locais de teatro ou dança.