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Vaticano devolve mármores do Partenon. Cresce a pressão sobre peças em Londres
O Vaticano e a Grécia estabeleceram um entendimento para a devolução de três fragmentos de esculturas do Partenon com 2.500 anos, que estão na coleção dos Museus do Vaticano há perto de dois séculos. Com este acordo, a pressão aumenta sobre peças clássicas gregas integradas na coleção do Museu Britânico.
A assinatura oficial entre Vaticano e Grécia diz respeito a três fragmentos com 2.500 anos, que representam as cabeças de um menino, um homem e um cavalo. O processo culminou no Vaticano, na semana passada, mas as negociações foram anunciadas em dezembro de 2022.
Cabeça de menino, obra
enquadrada entre 438 a.C. a 432 a.C. | Museu do Vaticano
Os fragmentos devem ser entregues oficialmente às autoridades gregas a 24 de março na capital Atenas, informou o Estado Pontifício. Com a doação para a Grécia, os Museus do Vaticano não possuem mais nenhuma parte do Partenon.
Cabeça de cavalo a puxar uma carruagem. O elemento pertente ao lado oeste do edifício | Museu do Vaticano
A Grécia apela a outras entidades para que sigam este exemplo, desencadeando uma maior pressão, nomeadamente sobre o Reino Unido, para devolverem obras de arte e objetos arqueológicos a Atenas.
"Grande trunfo" do Museu Britânico
O primeiro-ministro do Reino Unido, Rishi Sunak, questionado sobre o assunto, afirmou na segunda-feira que o Museu Britânico não tem planos para devolver os mármores do Partenon à Grécia, classificando-os como um "grande trunfo" para o país.
“O Reino Unido cuida dos Mármores de Elgin desde há várias gerações”, declarou Sunak aos jornalistas. “As nossas galerias e museus são financiados pelos contribuintes porque são um grande património para este país”.
As esculturas do século V a.C. são na maioria remanescentes de um friso de 160 metros de comprimento que circundava as paredes externas do Templo do Partenon na Acrópole, dedicado a Atena, deusa da sabedoria.
Os elementos arquitetónicos estão exibidos ao público desde 1832, depois de terem sido retirados do monumento da Acrópole grega pelo diplomata britânico Lord Elgin, quando era embaixador no momento em que o Império Otomano governava a Grécia.
Mármores de Elgin, no Museu Britânico em Londres | Toby Melville - Reuters
As declarações de Sunak precedem o mesmo sentido das opiniões de Liz Truss e Boris Johnson, anteriores governantes britânicos.
Contornar a lei
Mas os organizadores da campanha Projeto Parthenon, apoiada por políticos britânicos de diferentes partidos, avançaram com uma opção para resolver a disputa de longa data.
De acordo com o grupo de trabalho citado na Reuters, mesmo que os dois lados não cheguem a um acordo sobre quem é o dono das esculturas, a coleção Partenon que está sob tutela do Museu Britânico pode ser devolvida à Grécia mediante um acordo de parceria cultural de longo prazo.
As peças atualmente em solo londrino seriam reunidas com os artefatos da Grécia no Museu da Acrópole, em Atenas, "como um trabalho artístico completo consistente com a visão de seus criadores", disse o grupo de campanha.
Mármores de Elgin, no Museu Britânico em Londres | Toby Melville - Reuters
Os defensores do Projeto Parthenon argumentam que o acordo seria baseado na "aceitação de ambos os lados de que essa parceria cultural é possível, apesar da ausência de uma posição partilhada sobre a propriedade da Coleção Partenon".
As premissas omitidas possibilitariam contornar a exigência de uma mudança na lei para permitir que o Museu Britânico se desfizesse dos artefactos.
Osborne, que alinha com Sunak, relativizou a perspetiva de uma devolução permanente das peças museológicas, citando os possíveis obstáculos legais. Sugeriu, entretanto, um acordo que permita que as obras de arte possam ser vistas tanto em Londres como em Atenas, mas reitera que os Mármores do Partenon permanecerão na coleção da instituição britânica.