Villaret reabre com homenagem a Raul Solnado e estreia da peça "A Gorda - Fat Pig"
Lisboa, 20 Mar (Lusa) - O lisboeta Teatro Villaret reabre na próxima terça-feira com uma homenagem ao actor Raul Solnado, seu fundador, e a estreia da peça "A Gorda - Fat Pig", do dramaturgo norte-americano Neil LaBute.
Figura histórica do teatro português, Raul Solnado foi o único actor nacional a criar um teatro, em 1965, por onde passariam grandes espectáculos de autores contemporâneos, cujos temas actuais atraíram o público e outras companhias que aí começaram, gradualmente, a instalar-se.
"A reabertura deste teatro surge como uma consequência lógica do papel do Villaret na sociedade e na cultura portuguesa", refere em comunicado Carlos Fragateiro, director do Teatro Nacional D. Maria II, ao qual pertence agora aquela sala.
Segundo o responsável, esta é a oportunidade para "uma justa homenagem a um dos grandes homens do teatro em Portugal, Raul Solnado, pela sua capacidade de arriscar, pela sua entrega à arte e pelo seu magnífico trabalho enquanto actor".
Move o Teatro D. Maria II - sublinha - "o mesmo objectivo que guiou Raul Solnado ao fundar o Villaret: apresentar um repertório das melhores peças de teatro contemporâneas".
Nesse sentido, na noite de reabertura do teatro, será apresentada "A Gorda - Fat Pig", uma peça assumidamente autobiográfica escrita por LaBute, com encenação de Amândio Pinheiro e interpretação de Ricardo Pereira, Carla Vasconcelos, Carlos António e Maria João Falcão.
A peça conta a história de Tomás, um rapaz magro e elegante que se apaixona por uma rapariga gorda, Helena.
Até aí, tudo corre bem: os problemas começam quando ele a apresenta aos colegas de trabalho e se vêem ambos confrontados com os preconceitos da sociedade contemporânea, obcecada com a imagem, que rejeita todos quanto fujam aos padrões de beleza instituídos.
"Revejo-me muito em `Fat Pig`. Independentemente do título da peça, a história lida com a fraqueza humana e com as dificuldades que muita gente encontra quando tenta defender algo, ou viver de acordo com um princípio, ou assumir uma coisa em que acredita", diz o autor, de 45 anos, citado no comunicado.
"E esse sou eu, encerrado na minha própria concha, bem intencionado mas surpreendentemente fraco quando é preciso enfrentar as coisas. O heroísmo é um número muito difícil, ao que parece", acrescenta.
Sobre as personagens da peça, Neil Labute diz gostar de todas "porque são desesperadamente humanas: querem ter convicções, mas, no fim, preferem ser amadas ou satisfazer as suas necessidades".
Uma produção do Teatro D. Maria II, "A Gorda - Fat Pig"
estará em cena no renovado Teatro Villaret até 01 de Junho.
ANC.
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