Administrador de insolvência da Pereira da Costa garante salvaguarda de bens para pagar a trabalhadores
Lisboa, 19 Jun (Lusa) - O administrador de insolvência da empresa de construção Pereira da Costa vai salvaguardar os bens da empresa ainda existentes, única garantia de pagamento das dívidas aos trabalhadores, disse hoje à agência Lusa um representante sindical.
O administrador de insolvência nomeado pelo tribunal, Rui Gonzalez, visitou hoje pela primeira vez as instalações da Pereira da Costa na Amadora e garantiu no final da visita que serão tomadas medidas no sentido de salvaguardar o que resta do património, falando aos trabalhadores que se reuniram junto à empresa.
"[O administrador de insolvência veio] visitar o estaleiro para tomar algumas medidas para evitar a entrada de pessoas estranhas na empresa, para salvaguardar o pouco que resta dos bens móveis, que é o que vai garantir o pagamento dos créditos aos trabalhadores", disse à agência Lusa o presidente do Sindicato da Construção do Sul, João Serpa, que tem acompanhado a situação dos trabalhadores da empresa, desde que o primeiro grupo de empregados foi dispensado em 2005.
João Serpa afirmou ainda que os trabalhadores vão manter a exigência que já apresentaram às comissões de credores no sentido de as fazer avançar com um processo-crime contra a administração da Pereira da Costa, por não terem, segundo João Serpa, garantido a manutenção e integridade das instalações.
O sindicalista avançou também outras medidas como a limpeza das instalações e a convocação de uma reunião com carácter urgente com a comissão de credores da empresa proprietária do imóvel, a MB Pereira da Costa, que faliu e deu lugar à Pereira da Costa S.A.
"Aquilo que nós entendemos e já transmitimos ao administrador de insolvência da Pereira da Costa e à comissão de credores da MB Pereira da Costa, foi que isto tem responsáveis, que é a administração da Pereira da Costa. Retiraram os bens, sabemos onde se encontram alguns, outros vamos tentar saber", acusou João Serpa.
Na altura da falência da empresa original foi feito um leilão do qual saiu como comprador a Pereira da Costa S.A, que na altura assinou apenas um contrato de promessa de compra e venda e pagou o valor do sinal.
A escritura que oficializava a transferência de propriedade da empresa falida para a que assumiu a administração da construtora nunca se concretizou, situação que leva a que na prática a MB Pereira da Costa seja ainda a proprietária.
Os trabalhadores negoceiam agora com a comissão de credores da MB Pereira da Costa e com a comissão de credores da Pereira da Costa S.A. no sentido de encontrar um consenso que garanta os seus direitos.
O pagamento das dívidas aos empregados passa pela venda dos bens móveis e imóveis da empresa, a qual acontecerá num novo leilão, ainda sem data definida.
"É na base desse leilão e desse negócio que vamos tentar encontrar formas de garantir os créditos dos trabalhadores", disse João Serpa à Lusa.
Apesar das garantias dadas hoje pelo administrador de insolvência Rui Gonzalez, que se escusou a prestar declarações aos jornalistas, os trabalhadores não estão ainda dispostos a abandonar a vigília e desmontar a tenda improvisada à entrada dos estaleiros da Pereira da Costa na Amadora, que há cerca de ano e meio funciona como uma espécie de `quartel-general` dos trabalhadores em protesto.
"Há uma corrente de trabalhadores bastante grande que já se manifestou no sentido de manter a tenda à porta da empresa, que ali está há ano e meio. Se essa for a vontade dos trabalhadores a tenda irá manter-se até que a situação da Pereira da Costa fique mais clarificada do ponto de vista da garantia dos seus direitos", explicou João Serpa.