AEP e AIP “a uma só voz” em Confederação Empresarial

A Associação Empresarial de Portugal (AEP) e a Associação Industrial Portuguesa (AIP) oficializaram esta quinta-feira um acordo de "fusão progressiva" para a criação da CEP - Confederação Empresarial de Portugal. A Confederação da Indústria Portuguesa (CIP), presidida por Francisco Van Zeller, já foi convidada a juntar-se ao novo organismo representativo do patronato.

RTP /
O presidente da AEP, José António Barros, e o presidente da AIP, Jorge Rocha de Matos, assinaram o acordo de fusão Miguel A. Lopes, Lusa

O processo de fusão entre a AEP e a AIP, a concretizar em quatro etapas, representa "uma regulação profunda do movimento associativo empresarial português". Quem o afirma é o presidente da Associação Empresarial de Portugal.

"Num primeiro passo, é a área institucional das duas casas que se junta, ou seja, passamos a representar institucionalmente as empresas portuguesas e a dialogar com todos os nossos parceiros, designadamente o governo português, a uma só voz", explicou José António Barros, ouvido pela Antena 1.

Por sua vez, Jorge Rocha de Matos, da Associação Industrial Portuguesa, mostra-se também convicto de que a nova estrutura dos patrões terá mais força nos processos de negociação com o poder político.

"O poder negocial, no interesse das empresas, é francamente acrescido porque deixa de haver duas vozes, deixa de haver duas instituições, já não há tanta facilidade na divisão que muitas vezes as áreas políticas usam e abusam e isso, portanto, dá maior confiança ao mundo empresarial e vai ao encontro daquilo que exactamente disse, a maior capacidade de negociar os interesses das empresas e da economia nacional", sustentou o responsável.

Fusão em quatro etapas

Uma vez concluída a integração institucional das duas associações, o processo de fusão avança, segundo o presidente da AEP, para a operacionalização conjunta das câmaras de comércio e indústria, o que deverá ser concretizado dentro de um ano.

Na terceira etapa, as estruturas tencionam entregar-se às diferentes áreas de negócios, mediante a organização conjunta de feiras ou missões empresariais no estrangeiro. O acordo de princípio agora celebrado abre ainda caminho a uma quarta fase da fusão: a gestão conjunta dos respectivos patrimónios.

Nos termos do acordo de princípio, citado pela agência Lusa, o processo começa com a actualização, até 31 de Outubro, dos Estatutos de 2004 da CEP. A proposta de alteração será avaliada até 10 de Novembro, para depois ser elaborado o primeiro orçamento da nova entidade. Até 30 de Novembro, os mentores do projecto de fusão vão contactar as associações sectoriais e regionais, que serão convidadas a integrar a Confederação. As mudanças estatutárias terão de ser aprovadas em assembleia constituinte até 31 de Janeiro de 2010. A nova cúpula dos patrões portugueses deverá estar constituída até 28 de Fevereiro.

Van Zeller assinala passo "muito importante"

A Confederação da Indústria Portuguesa também já foi convidada a integrar a nova cúpula dos patrões. A curto prazo serão contactadas as confederações do Comércio e Serviços, dos Agricultores e do Turismo.

Em declarações à Lusa, o presidente da CIP mostrou-se disponível para abraçar o projecto, de modo a que a CEP possa constituir-se como um parceiro social. Francisco Van Zeller sublinhou, contudo, que o eventual alargamento da nova estrutura a todas as confederações só deve avançar numa "segunda fase", depois da fusão entre a AEP e a AIP.

Também ouvido pela agência de notícias, o presidente da Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP) disse desconhecer os pormenores do acordo de princípio celebrado entre a AEP e a AIP, condicionando uma posição à análise do projecto.

À Antena 1, o vice-presidente da Confederação do Comércio e Serviços de Portugal, João Vieira Lopes, adiantou que a entidade admite apenas colaborar com a Confederação Empresarial de Portugal: " O nosso âmbito é completamente diferente. É evidente que há formas de cooperação com toda a tipologia de associações, inclusivamente com essas, mas a CCP é um parceiro social, não é uma associação de apoio à actividade empresarial directa. Não quer dizer que não possa haver formas de cooperação".

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