Afinsa Portugal desconhece investigação e assegura pagamentos
A directora da Afinsa em Portugal disse hoje à agência Lusa desconhecer a existência de qualquer investigação à actividade da empresa no país e assegurou que pode cumprir todos os compromissos com os investidores.
Maria do Carmo Lencastre disse que a situação da Afinsa em Portugal é "perfeitamente normal", existindo hoje telefonemas de muitos investidores que procuram informações sobre os impactos em Portugal da acção desenvolvida pelas autoridades espanholas na sede da empresa em Madrid.
Segundo disse, não tem notado "nenhuma flutuação anormal" na cessação de contratos com a empresa, afirmando que todos os dias se vencem contratos e que aqueles que cessaram hoje foram liquidados com toda a normalidade.
"Os nossos clientes podem estar tranquilos. A Afinsa sempre cumpriu os seus compromissos e tem condições para continuar nesse rumo", disse à Lusa, assegurando que o investimento em bens tangíveis "continua a ser uma boa aposta".
Por outro lado, garantiu não ter tido qualquer contacto nem da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), nem do Banco de Portugal, nem da Polícia Judiciária, tendo a empresa apenas sido alvo de uma inspecção da Direcção Geral das Contribuições e Impostos, a qual teve "acesso a toda a documentação".
A CMVM esclareceu hoje que desenvolveu uma investigação jurídica, mas que, por a empresa não estar sob sua supervisão, toda a informação foi passada para o Ministério Público.
Terça-feira, as autoridades espanholas selaram a sede da empresa em Madrid e detiveram alguns dos seus dirigentes, que hoje estão a ser ouvidos.
Segundo dados fornecidos em Dezembro à Lusa, a Afinsa possui uma carteira de 18.000 clientes em Portugal.
Através da celebração de contratos de compra e venda de determinados bens (essencialmente selos) com o cliente, num processo que a Afinsa sempre classificou como "totalmente transparente", a empresa vende, ao fim de determinado tempo, o bem nas suas lojas, por leilão, através da Internet, por ofertas públicas, geralmente com ganhos interessantes.
A Afinsa nasceu há 25 anos em Espanha com o objectivo de "tornar acessível a um maior número de pessoas o mundo dos bens de colecção, tradicionalmente limitado a um restrito número de especialistas", disse Maria do Carmo Lencastre.
A entrada da Afinsa em Portugal, em 1988, deveu-se "à boa cotação que tem no mercado internacional a filatelia portuguesa, então o core business da empresa", que entretanto alargou a sua actividade à arte, numismática, antiguidades, armas e metais preciosos, adiantou.
Em Portugal, a empresa disponibiliza três planos de investimento, sobretudo na área da filatelia, dois dos quais de selos novos e séries ou anos completos.