África alerta que transição energética depende de políticas e financiamento

por Lusa
UNECA

O Alto Representante da União Africana para as Parceiras com a Europa defendeu hoje que a transição para uma África mais verde depende de novas políticas e de novos financiamentos que privilegiem o setor privado.

"A mudança energética que queremos ver em África precisa de financiamento para lidar com os conflitos provenientes das alterações climáticas, com a devastação nos países dependentes do turismo, e com a sobredependência de matérias primas nalguns países", disse Carlos Lopes durante a sua intervenção no Fórum de Investimento Verde UE-África, sob o tema "O futuro verde de África, novas vias de investimento para um desenvolvimento inclusivo sustentável", organizado pela Presidência Portuguesa do Conselho da União Europeia e pelo Banco Europeu de Investimento.

Na intervenção, Carlos Lopes lembrou que o acordo de Paris decretou "um apoio anual de 100 mil milhões de dólares [82 mil milhões de euros] por ano para financiar a adaptação às alterações climáticas, grande parte para África", mas disse que o valor está longe de ser atingido.

"Estamos longe deste número, tanto que é questionável se o compromisso ainda existe, ou se era só uma proclamação", vincou o responsável, acrescentando que a falta de financiamento obriga "os países a mobilizar financiamento de investidores multilaterais, com o Banco Europeu de Investimento (BEI), por exemplo, introduzindo políticas para envolver o setor privado".

A participação do setor privado, defendeu, é fundamental para potenciar os investimentos na transição energética, que pretende afastar o continente das energias `sujas` e apostar em energias `limpas`, nomeadamente as renováveis.

"Precisamos de encorajar os investidores avessos ao risco a investirem em África, minimizando o risco", apontou Carlos Lopes, elogiando a ideia de emissões de dívida vocacionada para projetos ambientais.

Os `green bonds` "estão ainda subdesenvolvidos, África é responsável por menos de 1% destas emissões de dívida, mas tem um enorme potencial se houver incentivos e políticas certas", disse o antigo secretário executivo da Comissão Económica das Nações Unidas para África.

O fórum que decorre hoje em formato virtual e presencial a partir de Lisboa encerra um mês de diálogo entre europeus e africanos sobre desenvolvimento sustentável e investimento verde promovido pela presidência portuguesa do Conselho da União Europeia (UE) com a realização de 23 conferências virtuais, designadas "Green Talks", que arrancaram em 24 de março a partir de Dacar, capital do Senegal.

Portugal detém a presidência da União Europeia no primeiro semestre de 2021, tendo elegido a relação com África como uma das prioridades.

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