Águas da Figueira lança projeto pioneiro de remoção de fósforo em efluentes

por Lusa

A empresa Águas da Figueira, em parceria com a Universidade de Coimbra, anunciou hoje o lançamento de um projeto pioneiro de remoção de fósforo em efluentes e quer ter um protótipo em funcionamento até final do ano.

Em declarações à agência Lusa, João Damasceno, diretor geral da concessionária de águas e saneamento da Figueira da Foz, frisou que a busca de tecnologias inovadoras de remoção do fósforo - um mineral que é fundamental ao desenvolvimento da agricultura, mas que também causa eutrofização de recursos hídricos - das lamas e efluentes das estações de tratamentos de águas e resíduos (ETAR) é "uma dupla oportunidade", por um lado por poder prevenir problemas ambientais e, por outro, por representar um valor económico "crescente" na produção de adubos ricos em fósforo.

"O fósforo é um mineral importante na agricultura, mas é o único nutriente que não existe na atmosfera, existe na rocha fosfática e a Europa não tem reservas dele. E já sabemos, também, que as futuras diretivas comunitárias nos vão obrigar a retirar o fósforo dos efluentes, porque ele na água cria eutrofização [crescimento excessivo de plantas aquáticas que afeta a utilização]", explicou João Damasceno.

O responsável da concessionária de águas e saneamento do concelho da Figueira da Foz lembrou ainda que os bens alimentares, "principalmente as sementes, aumentaram no mundo na última década uma brutalidade" e esse aumento deriva da utilização na agricultura de fertilizantes contendo fósforo, "que aumentou 700% na última década".

"Deste modo, fomos procurar tecnologia para usar nas nossas ETAR [a Águas da Figueira gere 13, a maior das quais é a da zona urbana da Figueira da Foz] e que pode ser aplicada a qualquer ETAR. E descobrimos que a única tecnologia que já está patenteada decorre de uma reação química de sulfato de magnésio e fósforo, é caríssima e não há mais de meia dúzia de empresas no mundo que a usam", argumentou.

Assim, e depois de ter apoiado um projeto laboratorial com alunos do colégio São Teotónio (Coimbra), que visou o desenvolvimento de um processo de separação do fósforo em efluentes através da utilização de bactérias à temperatura ambiente - premiado com um segundo lugar no concurso nacional "A Ciência na Escola", promovido pela fundação Ilídio Pinho - a Águas da Figueira avança agora para uma segunda fase, desafiando a Universidade de Coimbra a desenvolver um protótipo funcional que será instalado até final de 2019 na ETAR da zona urbana da Figueira da Foz.

"Nos próximos seis meses serão estudados diversos fatores ambientais, como a temperatura, espécies de bactérias mais eficazes ou os níveis de oxigénio necessários, para ver como é que conseguimos, de uma forma eficiente, fazer aquilo que a concorrência faz com coisas muito caras e complexas", disse João Damasceno.

Após a realização desses estudos "necessários ao redimensionamento do protótipo", o equipamento será testado em utilização real "para ver se as bactérias fazem aquilo que fizeram em laboratório", sublinhou o diretor geral da concessionária.

"Este é um assunto muito importante e que vai ser a ordem do dia em breve. E as organizações só podem ser competitivas se forem inovadoras", frisou João Damasceno.

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