Alitalia comprada pela ITA durante negociações com sindicatos de trabalhadores

por RTP
Reuters

A nova companhia aérea de bandeira Italia Transporte Aéreo (ITA) adquiriu a Alitalia, por um valor de 90 milhões de euros, numa altura em que mantém negociações com os sindicatos da companhia histórica italiana.

No final do processo de licitação pública, na noite de quinta-feira, a companhia Alitalia passou para as mãos da ITA - a nova companhia aérea totalmente estatal italiana - criada após o encerramento da linha de aviação que fez durante a noite o último voo, ao fim de 74 anos de história.

O primeiro voo da ITA saiu hoje às 08h00 (06h00 em Lisboa) do aeroporto de Fiumicino, arredores de Roma, com 37 passageiros a bordo com destino a Milão, no norte de Itália, marcando o início da nova companhia que surge depois do fim da Alitalia.

Em 2020, após negociações com a União Europeia, foi autorizada a criação da ITA com o compromisso de Roma de não injetar mais de 1.350 milhões de euros de capital até 2023, sendo que 700 milhões vão ser aplicados até ao final de 2021.

A nova companhia mantém as negociações com os sindicatos sobre as condições dos novos contratos pois prevê-se que "vai contar" com um quadro constituído por menos de três mil trabalhadores, numa primeira fase.

Até 2025, a ITA prevê aumentar o número de funcionários até aos 5.700.

A Alitalia empregava onze mil trabalhadores.

A ITA vai começar as primeiras operações com 52 aviões e prevendo-se que a frota venha a ser ampliada em 2022 para 78 aparelhos, aumentando para mais de uma centena em 2025.
A história da Alitalia
A companhia aérea foi fundada a 5 de maio de 1947 e rapidamente se tornou um sucesso económico de Itália após a II Guerra Mundial. Na década de 1970 tornou-se a sétima empresa do mundo, antes de passar por um longo declínio, que se agravou nos últimos anos.

Apesar do Estado italiano ter desembolsado mais de 13 mil milhões de euros, nos últimos anos, para tentar salvar a empresa, entre recapitalizações e empréstimos provisórios, a Alitalia acumulou prejuízos de 11,4 mil milhões de euros entre 2000 e 2020.

A história da Alitalia confunde-se com a do próprio país: as primeiras hospedeiras chegaram a bordo em 1950, transformou-se a companhia aérea oficial dos Jogos Olímpicos se Roma em 1960. Ultrapassou a marca de um milhão de passageiros, Paulo VI foi o primeiro Papa a usá-la em 1964.

Antonella Celletti, a primeira mulher a pilotar um dos aviões da Alitalia em 1989, vê com profunda tristeza o fim da companhia.

c/Lusa
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