Analistas acreditam em melhoria na avaliação da dívida soberana portuguesa pela S&P

Uma eventual melhoria esta sexta-feira da avaliação da dívida soberana portuguesa pela agência de notação financeira Standard and Poor`s (S&P) é admitida pelos analistas consultados pela Lusa, duas semanas depois da subida do `rating` pela DBRS.

Lusa /

A agência norte-americana tem prevista para esta sexta-feira uma avaliação à dívida soberana portuguesa, depois de ter reafirmado em março o nível de investimento em `BBB` com perspetiva estável.

Filipe Silva, diretor de investimentos do Banco Carregosa, admite à Lusa como "possível" que "venhamos a assistir a uma revisão em alta por parte da S&P tanto para o `rating` [avaliação] como para as perspetivas da economia portuguesa".

O analista recorda que a referência desta agência para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) era de 4,6%, com Portugal a encontrar-se "bem acima desse valor", o que "deverá pesar positivamente".

"Apesar do cenário de taxas de juro mais elevadas, bem como de uma inflação que continua a não dar grandes tréguas e que poderão vir a condicionar alguma da retoma económica que estamos a vivenciar, Portugal continua a beneficiar de um turismo que voltou em força, bem como de setores da economia que continuam em expansão", justifica.

Por outro lado, Filipe Garcia, economista e presidente da IMF -- Informação de Mercados Financeiros, considera que "o mais provável, ainda que injustificado, é que a S&P alinhe com a Fitch e suba a perspetiva para positiva".

O economista argumenta que "se já havia sinais preocupantes para o futuro como a previsível desaceleração económica e a subida dos juros, agora temos os pacotes de "luta contra a inflação" que geram mais incerteza orçamental".

Contudo, admite que "a posição orçamental do país é robusta este ano e a trajetória previsível da dívida/Produto Interno Bruto (PIB) é favorável".

Em março a S&P assinalava que as incertezas geopolíticas globais e o aumento dos preços da energia e das `commodities` levaram a agência a rever a previsão de crescimento do PIB em 2022 para Portugal de 5,7% para 4,6%, com uma possível queda adicional dependendo da evolução do conflito na Ucrânia.

Destacou ainda que a perspetiva da dívida soberana portuguesa permanece `estável`, uma vez que acredita que o Governo de António Costa irá seguir políticas de apoio ao crescimento e à consolidação orçamental nos próximos quatro anos, enquanto a economia beneficia de subsídios da União Europeia.

A avaliação da S&P tem lugar depois de, em 26 de agosto, a DBRS ter subido a avaliação da dívida soberana portuguesa para `A` (baixo), com perspetiva estável, considerando que as "vulnerabilidades de crédito de Portugal ligadas a choques externos estão a retroceder e as perspetivas macroeconómicas estão a melhorar".

A próxima agência a olhar para a dívida portuguesa é a Fitch em 28 de outubro.

O `rating` é uma avaliação atribuída pelas agências de notação financeira, com grande impacto para o financiamento dos países e das empresas, uma vez que avalia o risco de crédito.

Os calendários das agências de `rating` são, no entanto, meramente indicativos, podendo estas optar por não se pronunciarem nas datas previstas ou avançarem com uma avaliação não calendarizada.

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