Economia
Ancara, Bagdade e Erbil retomam negociações sobre petróleo curdo
O governo autónomo do Curdistão iraquiano, o governo turco e o governo iraquiano reiniciaram negociações sobre a exportação para a Turquia do petróleo curdo, calculado em 45.000 milhões de barris, o equivalente a um terço de todas as reservas iraquianas. Bagdade conseguiu assim travar para já um acordo, secreto, de venda do crude entre Ancara e o governo curdo de Erbil, revelado sexta-feira passada.
Calculado em vários milhares de milhões de dólares o acordo secreto entre a Turquia e o governo autónomo do Curdistão poderia dotar de independência económica a província
autónoma do norte do Iraque, potenciando a sua independência efetiva.
Mal foi conhecido, o ministro iraquiano para a Energia, Hussain Shahristani denunciou-o como "ingerência nos assuntos internos do Iraque."Erbil já exporta, através de camiões cisterna, 30.000 a 50.000 barris de petróleo por dia para a Turquia. Bagdade classifica esta atividade como "tráfico ilegal" já que não a sancionou.
A questão do petróleo curdo tem estado a ser negociada há mais de um ano sem resolução, o que deixa parado um oleoduto com capacidade de transporte de 300.000 barris diários, que liga a Turquia e as jazidas curdas.
De acordo com o que foi revelado sexta-feira, o acordo secreto previa a construção de um segundo oleoduto para transporte de até um milhão de barris por dia, assim como de um gasoduto que estaria pronto em 2017.
Alta tensão
A tensão disparou quando Bagdade soube do que se preparava entre Erbil e Ancara. Na própria sexta-feira, o governo iraquiano retaliou e impediu representantes turcos de participar numa conferência sobre Energia que decorreu em Erbil durante o fim de semana, proibindo simplesmente aviões turcos de aterrar na capital do Curdistão.
Dias depois, o ministro turco da Energia viajou até Bagdade para se avistar com o seu homólogo Shahristani, um encontro concluído com um comunicado conjunto em que Ancara reconheceu "a necessidade do consentimento do governo central iraquiano para a venda do petróleo à Turquia" e que prevê "um plano de cooperação que sirva os interesses das três partes."A Turquia tenta diversificar as suas fontes energéticas para embaratecer os custos internamente. A guerra na Síria dificultou contudo as relações diplomáticas com os seus dois principais fornecedores, o Irão e a Rússia, tornando a diversificação de fontes energéticas ainda mais atrativa. As boas relações com o governo do Curdistão iraquiano poderão também facilitar a Ancara as negociações de Paz iniciadas este ano com a guerrilha do PKK (partido dos trabalhadores do Curdistão) que há 39 anos luta pela independência da minoria curda turca.
O impasse nas negociações sobre o petróleo do Curdistão agrada apenas a Bagdade e a revelação do acordo secreto poderá ter tido como único objetivo apressar a conclusão de um acordo tripartido, em que os lucros da venda do crude sejam repartidos entre os governos curdo e iraquiano.
Em abril passado a luta pelo controle dos recursos energéticos do Curdistão colocou Bagdade e Erbil à beira de um confronto armado e os Estados Unidos à beira de um ataque de nervos.
Vários analistas consideram que a independência do Curdistão pode desestabilizar ainda mais o Iraque, de forma potencialmente mais grave para a região do que a própria guerra síria.
Mal foi conhecido, o ministro iraquiano para a Energia, Hussain Shahristani denunciou-o como "ingerência nos assuntos internos do Iraque."Erbil já exporta, através de camiões cisterna, 30.000 a 50.000 barris de petróleo por dia para a Turquia. Bagdade classifica esta atividade como "tráfico ilegal" já que não a sancionou.
A questão do petróleo curdo tem estado a ser negociada há mais de um ano sem resolução, o que deixa parado um oleoduto com capacidade de transporte de 300.000 barris diários, que liga a Turquia e as jazidas curdas.
De acordo com o que foi revelado sexta-feira, o acordo secreto previa a construção de um segundo oleoduto para transporte de até um milhão de barris por dia, assim como de um gasoduto que estaria pronto em 2017.
Alta tensão
A tensão disparou quando Bagdade soube do que se preparava entre Erbil e Ancara. Na própria sexta-feira, o governo iraquiano retaliou e impediu representantes turcos de participar numa conferência sobre Energia que decorreu em Erbil durante o fim de semana, proibindo simplesmente aviões turcos de aterrar na capital do Curdistão.
Dias depois, o ministro turco da Energia viajou até Bagdade para se avistar com o seu homólogo Shahristani, um encontro concluído com um comunicado conjunto em que Ancara reconheceu "a necessidade do consentimento do governo central iraquiano para a venda do petróleo à Turquia" e que prevê "um plano de cooperação que sirva os interesses das três partes."A Turquia tenta diversificar as suas fontes energéticas para embaratecer os custos internamente. A guerra na Síria dificultou contudo as relações diplomáticas com os seus dois principais fornecedores, o Irão e a Rússia, tornando a diversificação de fontes energéticas ainda mais atrativa. As boas relações com o governo do Curdistão iraquiano poderão também facilitar a Ancara as negociações de Paz iniciadas este ano com a guerrilha do PKK (partido dos trabalhadores do Curdistão) que há 39 anos luta pela independência da minoria curda turca.
O impasse nas negociações sobre o petróleo do Curdistão agrada apenas a Bagdade e a revelação do acordo secreto poderá ter tido como único objetivo apressar a conclusão de um acordo tripartido, em que os lucros da venda do crude sejam repartidos entre os governos curdo e iraquiano.
Em abril passado a luta pelo controle dos recursos energéticos do Curdistão colocou Bagdade e Erbil à beira de um confronto armado e os Estados Unidos à beira de um ataque de nervos.
Vários analistas consideram que a independência do Curdistão pode desestabilizar ainda mais o Iraque, de forma potencialmente mais grave para a região do que a própria guerra síria.