Apagão. BdP vê "oportunidades de melhoria" e faz alterações na atividade operacional

O "apagão" de 28 de abril passado evidenciou "oportunidades de melhoria" na atividade operacional do Banco de Portugal (BdP), que está já a implementar alterações para reforçar a resposta perante "eventos disruptivos", informou hoje o banco central.

Lusa /

Adicionalmente - destaca o BdP na mais recente edição do "Boletim Notas e Moedas", hoje divulgado -- o "apagão" revelou que o numerário "continua a ser indispensável" e é mesmo "um recurso estratégico" num contexto de dificuldades operacionais nos pagamentos eletrónicos.

No artigo de abertura do boletim, de publicação anual, o banco central detalha os efeitos do "apagão" de abril passado na atividade operacional das suas tesourarias e analisa como esta crise se refletiu na procura de numerário.

"Ainda que o plano de contingência tenha permitido reduzir o impacto nos processos críticos, este evento revelou oportunidades de melhoria", concluiu o BdP.

Segundo refere, essas melhorias "já estão a ser implementadas" e "permitirão reforçar a capacidade de resposta do Banco de Portugal perante eventos disruptivos".

O BdP salienta que, "apesar dos constrangimentos, a emissão monetária foi assegurada", tendo sido ativado "de imediato" o plano de continuidade de negócio da instituição de forma a "garantir a manutenção dos processos críticos e o encerramento controlado dos processos não críticos, em conformidade com os protocolos definidos".

A prioridade, destaca, foi dada "à segurança das pessoas, à proteção dos bens e à salvaguarda dos valores".

O banco central detalha que no principal centro de distribuição de numerário, no Carregado, "as operações de levantamento e de depósito decorreram sem interrupções".

Já nas instalações do BdP no Porto, os sistemas alternativos de fornecimento de energia "foram prontamente ativados, mas uma falha técnica condicionou o arranque do respetivo sistema de suporte", tendo sido acionada uma intervenção técnica urgente que "rapidamente solucionou a ocorrência".

No balanço agora feito, o banco central considera que o "apagão" expôs "a vulnerabilidade de um ecossistema de pagamentos cada vez mais dependente de infraestruturas eletrónicas" e evidenciou a importância do numerário como alternativa.

"Numa economia em transição para os meios digitais, há que reforçar a importância do numerário como meio alternativo de pagamento em contexto de crise e, em particular, de falha de eletricidade", sustenta.

No dia do "apagão", o BdP reporta que o número de levantamentos nos caixas automáticos recuou 40%, enquanto o montante total movimentado diminuiu 30% relativamente à média diária de abril.

Já a comparação com as restantes segundas-feiras de 2025 "confirma a mesma tendência": Menos 35% em número de operações e menos 25% em valor.

Em contrapartida, o valor médio por levantamento "aumentou de forma expressiva, situando-se muito acima do padrão habitual", o que sugere que, "sempre que os consumidores conseguiram aceder ao numerário, optaram por levantar montantes significativamente superiores ao habitual".

Nos dias seguintes ao "apagão", tanto o número de operações como o valor levantado cresceram, num "sinal de que muitos consumidores terão realizado levantamentos extraordinários, em parte para compensar os que ficaram por efetuar no dia do apagão, por indisponibilidade de grande parte dos caixas automáticos".

Contudo, nota o BdP, "é igualmente plausível que uma parte da população tenha optado por reforçar reservas de numerário", após ter sentido "a utilidade do dinheiro físico em momentos de crise".

Enfatizando que o numerário "funciona como rede de segurança, assegurando que a economia prossegue mesmo quando a tecnologia falha", o regulador considera ser "essencial preservar uma rede capilar de pontos de acesso a numerário, distribuída de forma equilibrada no território".

Ao mesmo tempo, conclui, é "prudente" que os cidadãos mantenham sempre algum dinheiro físico disponível.

Tópicos
PUB