APEL prepara teste piloto para cheque livro e espera que medida se expanda e suba valor

por Lusa

A associação de editores e livreiros, que vai programar com a direção-geral do livro o teste piloto para a emissão dos cheques-livro, espera que a medida se mantenha no próximo Governo e passe a contemplar mais de 20 euros.

O presidente da Associação Portuguesa de Editores e Livreiros (APEL), Pedro Sobral, falava aos jornalistas à margem da apresentação da programação para a Feira internacional do Livro de Buenos Aires, que decorreu hoje em Lisboa.

"Vamos com a DGLAB [Direção-Geral do Livros dos Arquivos e das Bibliotecas] programar o teste-piloto. Vamos tentar angariar a maior diversidade de livreiros, livrarias independentes e papelarias-livrarias, e fazer uma bateria de testes, que já estão pré-programados, e daí esperar que a plataforma seja usável", disse.

A fase seguinte é esperar "relatos de incidência" à DGLAB, acrescentou, especificando que haverá um período de adaptação para corrigir, e depois "entrar na segunda etapa, que é comunicar aos futuros utilizadores o que é que o cheque-livro significa e o que pode comprar".

Lembrando que os manuais escolares estão de fora das possibilidades, bem como está excluída a feira do livro como ponto de venda, Pedro Sobral adiantou, que depois de comunicadas todas as exceções e esclarecidas as pessoas, é importante que tudo corra bem quando começar o resgate dos livros.

"Espera-se que este primeiro teste corra bem, para que seja recorrente, criar o hábito, levar os miúdos às livrarias e para o ano provar-se que [o cheque-livro] pode continuar e escalar para um cheque cultura, como já acontece em muitos países".

Referindo-se ao valor de 20 euros contemplado para cada utilizador, e recordando que inicialmente a APEL sugeriu um `plafond` individual de 100 euros, Pedro Sobral admitiu que "nesta fase o relevante era que fosse exequível".

"Quando apresentámos, foi o valor que achámos que permitia um cabaz de leitura a um miúdo de 18 anos, para diminuir a probabilidade de comprar um livro de que não goste. Recordemos que os índices de leitura em Portugal são relativamente baixos", disse, explicando que os 100 euros davam "uma amplitude" para que os jovens conseguissem comprar um livro que apreciassem.

Mas quando a APEL percebeu que a medida se pretendia recorrente, o valor tornou-se secundário, afirmou, considerando que o mais importante era que essa dotação de 4,4 milhões de euros do cheque-livro fosse de facto gasta e utilizada.

"A partir do próximo ano, esperando que tudo corra bem, temos de voltar à questão de valores com o novo Governo, porque era importante que tivesse um impacto mais relevante desse ponto de vista", afirmou.

Quanto à validade do cheque-livro, ainda não está totalmente definida, mas o que estava a ser pensado era uma validade até ao final do ano em que os jovens fazem anos.

O ministro da Cultura, Pedro Adão e Silva, anunciou na quarta-feira que os primeiros cheques-livro, no valor de 20 euros para jovens com 18 anos, poderão começar a ser emitidos em abril, após uma primeira experiência piloto que deverá acontecer até ao final deste mês.

Os primeiros cheques-livro destinam-se "àqueles que fizeram 18 anos nos últimos dois anos, neste e no ano passado", afirmou o ministro, adiantando que serão cerca de 200 mil, os jovens que irão receber "um cheque de 20 euros para descontar em livrarias físicas".

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