Após anúncio de reunião do Banco Central. Rublo recupera face ao dólar

A moeda russa inverteu o curso esta segunda-feira, voltando a chegar aos 98 rublos por dólar, depois de o banco central de Moscovo ter anunciado uma reunião inesperada sobre a taxa de juro diretora.

Cristina Sambado - RTP /
Dado Ruvic - Reuters

O rublo tinha atingido, esta segunda-feira, o nível mais baixo desde 2022 face ao euro e ao dólar. De manhã, o rublo seguia em queda e negociava a mais de 100 rublos por um dólar e 110 por um euro.

"Na terça-feira, 15 de agosto de 2023, vai realizar-se uma reunião do Conselho de Administração do Banco da Rússia para analisar o nível das taxas de juro", indicou o banco central em comunicado.


O conselheiro económico de Vladimir Putin, Maxim Oreshkin, repreendeu o banco central quando o rublo passou os 101, apontando-lhe uma política débil, em sinal de crescente discórdia entre as autoridades. Desde que Putin enviou tropas para a Ucrânia em fevereiro de 2022, o rublo perdeu cerca de um quarto do seu valor, à medida que as sanções ocidentais afetaram a balança comercial da Rússia e os gastos militares aumentaram.

Na bolsa de Moscovo, o rublo afundou e chegou a valer 101,75 - o valor mais baixo em 17 meses e que representou uma queda de 30 por cento este ano. Ao início da tarde desta segunda-feira, a moeda russa tinha atenuado todas as perdas e estava a subir 1,8 por cento para 97,62.

Maxim Oreshkin já tinha afirmado que o banco central poderia garantir que o ritmo dos empréstimos caía para níveis sustentáveis com taxas mais altas.

Os empréstimos ao consumo, juntamente com uma grande escassez de mão de obra e um vasto défice orçamental, alimentaram em 2023 a inflação.

"A principal fonte do enfraquecimento do rublo e da aceleração da inflação é a política monetária branda", escreveu Oreshkin num artigo de opinião para a agência noticiosa TASS. "O banco central tem todas as ferramentas para normalizar a situação num futuro próximo."

A próxima decisão programada do Banco da Rússia sobre a taxa de juro estava prevista para 15 de setembro. Para já, o banco central recusou comentar a possibilidade de um aumento de emergência dos atuais 8,5 por cento.
O banco central atribui a queda do rublo à diminuição do excedente da balança de transações correntes da Rússia, que caiu 85 por cento face ao ano anterior entre janeiro e julho.


Esta segunda-feira, o banco central afirmou que não via riscos de estabilidade financeira decorrentes do enfraquecimento do rublo, mas que o aumento da taxa poderia acontecer brevemente.

Taxas de juro mais elevadas tornariam a vida mais difícil para os mutuários, incluindo empresas e o Governo, uma vez que este financia as operações militares na Ucrânia.

A moeda russa tem tido um percurso turbulento desde que a Rússia invadiu a Ucrânia, caindo para um mínimo de 120 contra o dólar em março de 2022. No ano que antecedeu a guerra, o rublo foi transacionado, em média, a cerca de 74 por dólar, sendo o seu movimento ditado por fatores como os preços do petróleo, o principal produto de exportação da Rússia, e suscetível a fortes oscilações induzidas pela geopolítica.

c/ agências
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