Associação de Municípios para a Gestão Sustentável de Resíduos do Porto vai produzir biometano

A Associação de Municípios para a Gestão Sustentável de Resíduos do Grande Porto vai criar uma unidade para produzir biometano. O administrador executivo da LIPOR diz que o projeto deve estar pronto dentro de três anos e vai criar 50 novos postos de trabalho em Gondomar.

Andrea Neves - correspondente da Antena 1 em Bruxelas /
Foto: AFP

Fernando Leite está em Bruxelas para reuniões com as direções gerais do Ambiente e Economia da Comissão Europeia.

O objetivo é conhecer as oportunidades e os fundos europeus que existem para ajudar a descarbonizar o ambiente e para que Portugal possa cumprir as metas a que está obrigado dentro destas politicas europeias.

Em Bruxelas para desenvolver novos contactos e reunir com as direções gerais do ambiente, energia e economia. O objetivo da Lipor é o de aproveitar todas as oportunidades que as políticas comunitárias oferecem para desenvolver projetos que ajudem Portugal a tingir objetivos e metas a que está obrigado como explica Fernando leite, o administrador executivo da Associação de Municípios para a Gestão Sustentável de Resíduos do Grande Porto.

“Nós vimos habitualmente a Bruxelas no sentido de contactar as principais direções gerais do ambiente e da economia.
Tentamos, neste caso, aproveitar todas as oportunidades que as políticas comunitárias nos dão para podermos desenvolver projetos e podermos ajudar também Portugal a atingir os seus objetivos e metas que está obrigado pelos tratados”.

E como está Portugal no que se refere a estes objetivos?

“Na questão dos resíduos estamos com uma falha no domínio dos aterros sanitários, ou seja, da colocação de resíduos em aterro.

Foto: AFP

O que nós estamos a tentar fazer é, obviamente, colocar o máximo de aterros em unidades industriais, produzindo fertilizantes para a agricultura, produzindo eletricidade, produzindo recicláveis, portanto, tentando remar um bocadinho contra a maré daquilo que se passa nos outros, nas outras áreas do país”.
Os resíduos podem produzir energia
De facto, nem todos sabem que os resíduos podem produzir energia como já acontece na área metropolitana do Porto.

“Os resíduos podem produzir eletricidade. Neste ponto temos uma comunidade elétrica no Porto que abastece de eletricidade 28 entidades, entre as quais o Hospital de São João, a Santa Casa da Misericórdia do Porto, 10 municípios, ou seja, toda a eletricidade que está na via pública e nos edifícios municipais provém de uma das fábricas onde nós valorizamos energeticamente os resíduos”.

"Os resíduos podem produzir eletricidade", relembra o administrador executivo da LIPOR | Foto: Unsplash

E os portugueses tem noção disso?

“Ainda não. Ainda não têm uma verdadeira noção e nós estamos a tentar que isso seja algo muito importante para eles, porque – não só nesse caso da valorização energética, como também na reciclagem – é muito importante o papel do cidadão. E aí nós também estamos a investir muito".Pensar no futuro
A Lipor apresenta-se como um exemplo europeu com perspetivas de futuro. O próximo passo será o de aumentar a capacidade de os biorresíduos produzirem biometano. Ou seja, transformar resíduos de origem orgânica e biodegradável, como restos de comida, cascas de fruta e vegetais, borras de café, e resíduos de jardinagem num gás capaz de ajudar na descarbonização.


“Nós estamos neste momento a iniciar a construção de uma nova fábrica num investimento de cerca de 70 milhões de euros e uma unidade de biometização desses resíduos, para produzir biometano, que é um gás próximo do gás natural e que permite ajudar também, neste caso, na descarbonização”.

“Vai produzir 4 milhões e meio de metros cúbicos de metano, que é um gás ecológico. Vai ser localizado em Gondomar, junto às nossas instalações e estará pronto daqui a três anos. Criará 50 postos de trabalho, essencialmente pessoas já com alguma formação, porque estamos a falar de uma unidade que produz gás, portanto, já tem tecnologia”.


Um projeto que estará aberto a outros municípios portugueses.

“Todos os nossos projetos são projetos para partilhar com os outros municípios que necessitem, neste momento, de tratar os seus resíduos de uma maneira industrial”.
Na Bélgica a reciclagem é obrigatória para todos os consumidores que podem mesmo ser multados se não a fizerem devidamente.
Consciência cívica
Fernando Leite refere que “o importante, neste caso, é uma fortíssima sensibilização dos cidadãos.
"Os cidadãos, por si, conseguem entender que se separarem os seus resíduos, eles têm uma outra utilidade. E isso é o que nós demonstramos nas nossas unidades. É mais importante tentar que eles percebam que vale a pena separar”.

“O nosso grande objetivo é que os cidadãos consigam compreender a importância do seu ato em casa porque com os resíduos separados tudo é possível. Com os resíduos misturados nós não podemos fazer nada”.

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E acrescenta que “vale a pena também lutar contra um outro mal que nós temos em Portugal, que é o desperdício alimentar. Nós desperdiçamos por ano 180 quilos de resíduo alimentar por pessoa. O custo dessa realidade é muito elevado para um país como o nosso”.

O adminsitrador executivo da LIPOR quer que os cidadãos possam perceber que separar os resíduos é mais importante do que possam pensar, no imediato. Há fundos europeus estão disponíveis para apoiar estes projetos que só avançam, para bem do ambiente e da energia mais limpa, se cada pessoa colaborar, reciclando.

“Temos sempre apoios comunitários e tem muita importância este roadshow que nós fazemos todos os anos, porque vimos reafirmar que estamos de acordo com estas políticas comunitárias, adaptando-as a um país como Portugal, que tem algumas particularidades”.

“Neste momento, por exemplo, o nosso projeto já é um projeto que serve de exemplo à União Europeia para promover outras regiões. Portanto, nós já estamos a trabalhar com cerca de 20 países fora da Europa, tentando demonstrar que as práticas que se utilizam na União Europeia são perfeitamente implementadas noutros países com sucesso".
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