Autárquicas. Candidatos a Gaia exigem menor impacto possível da linha de alta velocidade

Os candidatos à Câmara de Gaia exigiram que o impacto da linha de alta velocidade no concelho seja o menor possível, alguns deles sugerindo a implementação da solução inicialmente estudada, maioritariamente em túnel.

Lusa /

"Nós defendemos que o traçado seja o menos destrutivo possível. A última versão que o consórcio apresentou, que tem poucas semanas, é uma versão muito mais impactante no território, ou seja, leva à demolição de mais habitações e indústrias do que aquilo que alguma vez o consórcio tinha apresentado", disse à Lusa o candidato do PS João Paulo Correia.

Em causa estarão 135 demolições, informação também já adiantada pelo candidato, motivo pelo qual defende a que a "construção da linha deve ser o menos invasiva possível".

O candidato da CDU, André Araújo, manifestou também "extraordinária preocupação" acerca do desenho do traçado no concelho, defendendo que se deve "ir tanto longe quanto possível" na minimização dos impactos e questionando se "partes do traçado que estavam previstas de ser debaixo da terra, ou seja, em túnel, que não teriam impacto sobre as pessoas" foram trazidas "para a superfície apenas pela questão do interesse económico do consórcio".

Para o candidato, "vai restar sempre a dúvida se todas essas alterações não resultam antes de pressões e interesses empresariais" do consórcio Avan Norte, ex-LusoLav (Mota-Engil, Teixeira Duarte, Alves Ribeiro, Casais, Conduril e Gabriel Couto), que em abril apresentou uma proposta divergente do caderno de encargos, com estação em Vilar do Paraíso (e não em Santo Ovídio) e duas pontes sobre o Douro em vez de uma rodoferroviária.

Já João Martins, candidato da coligação BE/Livre, crê que "se a estação for em Santo Ovídio, claro que isso requer cerca de 10 quilómetros em túnel, e se a nova estação for em Guardal de Cima [Vilar do Paraíso], isso vai reduzir cerca de cinco quilómetros de túnel" o que "com certeza irá potenciar impactos ambientais e urbanos acrescidos".

"A nossa principal preocupação é que sejam asseguradas as condições necessárias para mitigar o impacto da obra na vida das pessoas e das empresas, que vai sempre acontecer", completou.

O candidato considerou ainda que "é sempre necessário ouvir as populações", lembrando que as pessoas "também não tinham grande informação" quando acorreram à Assembleia Municipal em busca de esclarecimentos, até porque "a própria Câmara também não sabe, ou não sabia, ainda, o traçado final".

Quanto a Daniel Gaio, candidato do Volt, defende "a primeira opção, que era mais túnel", de forma a "proteger o máximo de propriedades possíveis e ver o mínimo de expropriações, assim como fazer com que haja menos impacto ambiental".

"Além disso, já havia um estudo sobre o tal impacto ambiental sonoro e tudo mais sobre a primeira opção e sobre a segunda opção ainda não há. Por isso eu acredito que a segunda opção seja uma opção pior e não vejo bem a justificação do porquê de alguém a defender", vincou.

Quanto a Luís Filipe Menezes, candidato da coligação PSD/CDS-PP/IL, não falou à Lusa, mas numa publicação pessoal na rede social Facebook, partilhada publicamente pelo seu candidato à junta de Vilar do Paraíso Vítor Marques, defendeu que "em Gaia o projeto tem que ser revisto e voltar total ou parcialmente à versão que previa 10 quilómetros enterrados no concelho".

"As populações podem estar tranquilas, não deixaremos que nada se concretize sem nos envolver: à Câmara Municipal, Assembleia Municipal, Freguesias e cidadãos", disse ainda, criticando também o seu adversário João Paulo Correia e o PS (Câmara, juntas de freguesia e grupo parlamentar), dizendo que "até há poucos dias nenhum desses atores políticos levantou a sua voz a contestar o atual projeto".

Para Luís Filipe Menezes, "agora empertigam-se fazendo de conta que não estiveram anos, e agora meses essenciais, completamente silenciosos, coniventes com o desbarato que se precipitava sobre Gaia".

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