Avaria em barragem do concelho de Évora desilude turistas e preocupa agricultores

Com as comportas avariadas, a água que passa pelo paredão da barragem do Monte Novo, concelho de Évora, não dá para `grandes` fotografias, mas chega para preocupar os agricultores, que já mudaram animais para campos mais elevados.

Lusa /

"Se as comportas se pudessem abrir, a barragem estava a descarregar, o que é sempre muito bonito, porque se fazem lindas fotografias", afirma à agência Lusa Beatriz Rosado, acompanhada pela filha, num passeio junto ao paredão do Monte Novo.

A chuva que caiu nos últimos dias fez a albufeira atingir a cota máxima, mas um problema mecânico está a impedir a abertura das comportas. A água tem, pois, que passar através de uma pequena abertura no fundo e por cima dessas mesmas comportas.

O Serviço Municipal de Proteção Civil (SMPC) de Évora lançou um alerta para a subida do caudal do rio Degebe, a jusante da barragem, pedindo a proprietários e moradores para estarem atentos e acautelarem a deslocação de animais para uma cota mais alta.

Foi o que já fez "por uma questão de segurança" Diogo Vasconcelos, que possui uma exploração agropecuária com 200 bovinos e 700 ovinos situada perto do paredão e junto às margens do rio Degebe.

"Espero que não aconteça nada, nem ninguém está a contar que aconteça, mas é melhor prevenir do que remediar", afirma à Lusa este agricultor.

Diogo Vasconcelos conta que, há pouco tempo, as comportas da barragem já tinham estado avariadas, porque não fechavam, o que dificultou a gestão diária da exploração agropecuária, já que impedia o atravessamento da herdade devido à subida do caudal do rio.

"É uma barragem antiga e já há uns tempos que se sabe que está com problemas, mas, agora, quando se deixou de passar por cima da barragem é que começámos a ficar preocupados", refere.

De passeio com a filha junto ao paredão, Beatriz Rosado arrisca tirar fotografias ao cenário, mas, desta vez, não observa o jato de água a que assistiu em outros anos, em que abriram as comportas.

"Quando a barragem descarregava, costumávamos vir tirar fotografias, porque isto é bonito, mas, agora, não está a descarregar tanto", ainda que o descarregador de fundo esteja a funcionar, realça.

Mas, "se as comportas estivessem abertas, o caudal era enorme", prossegue.

Avisando desde logo que não é especialista na matéria, Beatriz opina que a situação não representa perigo, ainda que admita alguma preocupação se continuar a chover.

"Não sabemos o que pode acontecer. Esperamos que não aconteça nada de mal, porque, de facto, a barragem está cheia", sublinha.

A Estrada Municipal 534, que faz a ligação da Estrada Nacional 256 às localidades de São Vicente de Valongo e a Nossa Senhora de Machede, no concelho de Évora, está cortada ao trânsito no troço que passa no paredão da barragem, desde terça-feira à tarde.

Segundo a Câmara de Évora, a circulação rodoviária naquele troço será restabelecida "assim que estejam garantidas as condições de segurança".

No aviso à população, o SMPC de Évora disse que a Agência Portuguesa do Ambiente (APA) colocou "a infraestrutura em alerta amarelo".

Foram mobilizados para o local, indicou à Lusa na terça-feira o presidente do município, Carlos Pinto de Sá, elementos e meios da APA, do SMPC de Évora, da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil e da GNR.

No aviso, o SMPC realçou que a APA está "a promover as operações necessárias à retificação dos problemas observados", salientando que "a descarga de fundo da barragem se encontra aberta".

"Em caso de evolução desfavorável da situação", a informação será atualizada e as autoridades, em articulação com a APA, estão a acompanhar o evoluir do caso, disse o SMPC.

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