Banca espanhola necessita de injeção de entre 51 e 60 MME no cenário mais adverso
Madrid, 21 jun (Lusa) -- A banca espanhola necessitaria de uma recapitalização entre 51 e 62 mil milhões de euros no cenário económico mais adverso, segundo as estimativas de duas consultoras contratadas pelo Governo para avaliar o estado de saúde do sistema financeiro.
O balanço das necessidades da banca foi divulgado numa conferência de imprensa conjunta do secretário de Estado da Economia, Fernando Jiménez Latorre e do vice-governador do Banco de Espanha (BE), Fernando Restoy.
As necessidades da banca baseiam-se nas estimativas apresentadas ao Governo pelas consultoras Oliver Wyman y Roland Berger e podem servir de base para o pedido formal de resgate europeu à banca espanhola.
Fernando Restoy disse que as previsões da Oliver Wyman apontam para que no cenário de maior `stress` económico, as necessidades de recapitalização da banca espanhola estejam entre 51 e 62 mil milhões de euros.
A Roland Berger é mais precisa, avaliando as necessidades neste cenário em 51,8 mil milhões de euros.
No cenário mais normal as necessidades caem, segundo a Roland Berger, para 25,6 mil milhões de euros e segundo a Oliver Wyman para um intervalo entre 16 e 25 mil milhões de euros.
"São necessidades de capital geríveis", disse Fernando Jiménez Latorre.
Restoy explicou que a análise não apresenta os valores individualizados por entidade, ainda que tenha avançado que "as três maiores entidades do país (Santander, BBVA e CaixaBank) não necessitariam de injeção pública, mesmo no cenário mais adverso".
"O grosso das necessidades concentra-se nas entidades já participadas pelo FROB (Fundo de Reestruturação Ordenada Bancária). Para a recapitalização haverá soluções diferentes para as entidades", disse.
Fernando Jiménez Latorre recordou que esta é primeira etapa do exercício, correspondendo a "um teste de `stress` para identificar a capacidade do sistema financeiro espanhol de aguentar uma hipotética deterioração grave da economia".
"A preocupação inicial estava na carteira imobiliária, mas com o agravamento da situação economia a preocupação alargou-se a toda a carteira", disse, explicando que a análise "não identifica necessidades individuais de entidades".
O responsável do BE, Fernando Restoy disse que o cenário hipotético estudado de forma independente pelas duas entidades (que não comunicaram entre si) é o de um contexto "mais deteriorado" do que as previsões atuais.
"Parte-se de um cenário que consideramos mais provável para um cenário muito desfavorável que nenhum analista económico, por mais pessimista que seja, antevê", considerou.
Todo o processo foi seguido por um comité de acompanhamento formado por responsáveis nacionais mais um conselho assessor com a participação de representantes do Banco Central Europeu, do Fundo Monetário Internacional, da Comissão Europeia, da European Banking Agency (EBA), do Banco de França e da Holanda.
Para as suas determinações os analistas "calcularam as perdas esperadas nas carteiras das diferentes entidades nos cenários macroeconómicos previstos e quais os recursos com que conta a entidade financeira para responder a essas esperadas perdas".
Depois de determinada essa "capacidade de absorção de perdas" o estudo determinou "quanto capital necessitariam as entidades para cumprir os requisitos de capital.
Foram analisados 14 grupos bancários que representam cerca de 90 por cento de todo o sistema financeiro espanhol e, em todos os grupos, "toda a carteia de crédito privado de todas as entidades".
O cenário "extremo" estabelece condições "o mais adversas possíveis", com valores muito mais extremos que os usados no relatório do FMI sobre a banca espanhola que previa necessidades de capital de 40 mil milhões de euros.
Assim, nesta análise trabalhou-se com uma previsão de queda do PIB de 6,5 por cento (contra 5,4 por cento do FMI), de uma queda de 26,4 por cento no preço das casas (o FMI usou 23,5 por cento) e de uma correção no preço dos terrenos de entre 85 e 90 por cento.
O secretário de Estado anunciou ainda que em setembro se concluirá uma auditoria detalhada a cada uma das entidades espanholas.
As entidades que necessitem de reforçar o seu capital e optem pela via privada terão nove meses a partir da apresentação dos seus planos de recapitalização, no início de setembro.
As que necessitem de capital público devem solicitá-lo nos primeiros 15 dias depois da apresentação dos resultados da auditoria.