Banco central da China mantém inalterada taxa de juros de referência

por Lusa
Jason Lee - Reuters

O banco central da China anunciou hoje que vai manter a taxa de juro de referência em 3,45%, pelo oitavo mês consecutivo, indo ao encontro das expectativas dos analistas, que não esperavam alterações.

Na atualização mensal, publicada no portal, o Banco do Povo da China indicou que a taxa de juro de referência a um ano vai manter-se pelo menos até daqui a um mês.

Este indicador, estabelecido como referência para as taxas de juro em 2019, é utilizado para fixar o preço dos novos empréstimos, geralmente destinados às empresas, e dos empréstimos a taxa variável que estão a ser reembolsados.

O indicador é calculado com base nas contribuições de preços de uma série de bancos, incluindo os credores mais pequenos, que tendem a ter custos de financiamento mais elevados e maior exposição a crédito malparado, e tem como objetivo baixar os custos dos empréstimos e apoiar a "economia real".

Especialistas citados pela agência de notícias EFE consideram que o banco central chinês optou pela prudência face à divergência com outras potências económicas - onde as taxas de juros têm subido para conter a inflação - e a consequente pressão sobre o valor da moeda chinesa, renmimbi.

A última descida das taxas foi em agosto, quando a taxa de referência a um ano foi reduzida em dez pontos base, de 3,55% para os atuais 3,45%, uma decisão mais cautelosa do que os analistas previram na altura, que apontavam para uma descida de 15 pontos base.

Em 06 de março, o governador do Banco do Povo da China, Pan Gongsheng, antecipou novos cortes nas reservas obrigatórias dos bancos entre os instrumentos que a instituição vai utilizar para impulsionar a economia.

Pan afirmou que o banco central pode dar-se ao luxo de efetuar novas reduções na percentagem de fundos que um banco não pode emprestar, porque a atual média de 7% na China é "ainda elevada" em comparação com outros países.

O banco central também manteve inalterada a taxa para empréstimos a cinco anos ou mais, referência para o crédito à habitação, em 3,95%, um mês depois de impor o maior corte desde que esta taxa foi estabelecida, em 2019.

A taxa de referência para o crédito à habitação está num mínimo histórico, o que pode encorajar os bancos a aprovar mais hipotecas imobiliárias e a taxas mais vantajosas.

Os mercados bolsistas da China perderam biliões de euros nos últimos meses, em parte devido à forte venda de ações de empresas do imobiliário.

A entrada em incumprimento de dezenas de construtoras minou a confiança nos esforços do Governo para relançar a economia depois da pandemia da covid-19.

O setor imobiliário chegou a representar cerca de 30% da economia da China, com os empréstimos hipotecários a totalizar cerca de 38,2 biliões de yuan (4,9 biliões de euros) no final de 2023.

Em dezembro, 62 das 70 principais cidades da China registaram novamente uma descida mensal nos preços dos imóveis, de acordo com dados oficiais.

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