Banco central do Japão mantém taxa de juros mas começa a vender ativos

O banco central do Japão manteve hoje as taxas de juro inalteradas, mas anunciou que vai começar a vender fundos negociados em bolsa e outros ativos que detém, adquiridos ao longo de uma década.

Lusa /
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As vendas terão início "assim que os preparativos operacionais necessários estiverem concluídos", com um montante anual estimado de 330 mil milhões de ienes (1,9 mil milhões de euros), informou o Banco do Japão (BoJ, na sigla em inglês).

A Reserva Federal dos Estados Unidos decidiu na quarta-feira cortar os juros em 25 pontos base, para um intervalo entre 4,00% e 4,25%, pela primeira vez desde dezembro de 2024.

O BoJ anunciou ainda a venda de fundos de investimento imobiliário japoneses (J-REIT, na sigla em inglês) que detém a uma taxa anual de cinco mil milhões de ienes (28,8 milhões de euros).

A instituição prometeu que irá tentar "vender as participações em ETF [sigla em inglês para fundos negociados em bolsa ] e J-REIT a preços adequados, tendo em conta a situação dos mercados financeiros".

O objetivo é evitar, "na medida do possível", incorrer em perdas ou desestabilizar este ativos, afirmou o BoJ, num comunicado.

O banco central japonês indicou que o ritmo das vendas descritas pode ser temporariamente ajustado ou suspenso em resposta a alterações na situação do mercado.

A decisão constitui um passo na normalização da política monetária do BoJ, que em março de 2024 iniciou um ajustamento na compra de fundos negociados em bolsa e outros ativos.

As participações do BoJ vinham a expandir-se no meio da recente tendência de alta das ações japonesas, que atingiram níveis recorde na bolsa de valores local.

A Bolsa de Tóquio reagiu com pessimismo à decisão. Após a sua publicação, e duas horas antes do fecho da sessão, o seu principal índice, o Nikkei, estava a cair cerca de 1%, depois de ter aberto ao ritmo de mais um dia histórico.

No final da reunião mensal, o conselho de política monetária do banco central japonês optou, por sete votos a dois, por manter as taxas de juro para analisar mais de perto o impacto da redução das taxas norte-americanas.

"A economia japonesa recuperou moderadamente, embora tenha sido evidente alguma fraqueza", afirmou o BoJ, acrescentando que existem vários riscos para as perspetivas económicas, principalmente devido a fatores externos.

"Em particular, a forma como o comércio e outras políticas evoluirão em cada jurisdição e como a atividade económica e os preços internacionais reagirão a estas permanece altamente incerta", enfatizou o banco central.

Nesta situação, acrescentou a instituição, "é necessário prestar a devida atenção ao impacto destes acontecimentos nos mercados financeiro e cambial, bem como na atividade económica e nos preços no Japão".

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