Banco de Portugal prevê défices de 0,1% em 2025 e 1,3% no próximo ano

Banco de Portugal avançou esta sexta-feira com a previsão de um défice do Estado de 0,1 por cento já este ano, esperando um agravamento da derrapagem das contas públicas, em 2026, para 1,3 por cento.

Carlos Santos Neves - RTP /
Ana Sofia Rodrigues - RTP

As estimativas do Banco de Portugal são contrárias ao cenário traçado pelo Governo, que aponta para excedentes quer em 2025, quer em 2026.

Recorde-se que, já no boletim de dezembro de 2024, o banco central havia previsto um rácio do défice sobre o PIB de 0,1 por cento em 2026, previsão que preserva.

A estimativa do saldo orçamental negativo para 2026 passa de um para 1,3 por cento. Quanto a 2027, a previsão para o défice continua a ser de 0,9 por cento. As projeções são justificadas com as "políticas pró-cíclicas expansionistas" em curso.De acordo com o cenário inscrito no Orçamento do Estado para este ano - e reportado no Relatório Anunal de Progresso submetido à Comissão Europeia -, é esperado um excedente de 0,3 por cento do PIB.

O rácio da dívida pública deverá continuar a decrescer, passando de 94,9 por cento em 2024 para 85,8 em 2027, um ritmo, ainda assim, "inferior ao dos últimos anos", faz notar o Banco de Portugal.

A instituição liderada por Mário Centro procedeu também a uma revisão em baixa das previsões para a economia: aponta agora para um crescimento de 1,6 por cento este ano, quando há três meses a estimativa era de 2,3.
O acerto relativamente ao boletim de março tem lugar na sequência da contração no primeiro trimestre, tendo-se verificado um recuo do PIB de 0,5 por cento em cadeia que "não foi antecipado".

O Banco de Portugal sublinha que as tensões comerciais e a elevada incerteza limitam a atividade económica. Algo somente compensado pelo alívio das condições financeiras, o reforço da entrada de fundos da União Europeia e a robustez do mercado de trabalho.No Orçamento do Estado para 2025, o Governo tabelara um crescimento do PIB na ordem dos 2,1 por cento, previsão que acabaria por rever em alta no Relatório Anual de Progresso, para 2,4%.

O banco central revê em alta, por outro lado, a estimativa para 2026, de 2,1 para 2,2 por cento, ao passo que a previsão para 2027 continua a ser de um crescimento de 1,7 por cento.

Relativamente à inflação, sinaliza-se que a taxa "deverá estabilizar em valores inferiores a dois por cento em todo o horizonte de projeção".

Para o mercado de trabalho, o Banco de Portugal espera um abrandamento do emprego e dos salários. Mas a taxa de desemprego deve estabilizar nos 6,4 por cento.

c/ Lusa

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