Banco Mundial anuncia novo presidente em maio. EUA candidatam Ajay Banga
O Banco Mundial (BM) inicia esta quinta-feira o processo de nomeação de um novo presidente, a anunciar no início de maio, depois de David Malpass ter comunicado a demissão antecipada, anunciou a instituição.
A procura pelo sucessor de Malpass, que abandona o cargo a 30 de junho, vai prolongar-se até 29 de março, indicou, em comunicado divulgado na quarta-feira.
Uma lista restrita de até três candidatos será então publicada "antes das entrevistas formais (...) conduzidas pelos diretores executivos, enquanto se aguarda a seleção do novo presidente no início de maio", de acordo com a mesma nota.
O BM disse "encorajar fortemente as candidaturas de mulheres".
Os candidatos ao cargo devem ter "experiência comprovada de liderança", "experiência na gestão de grandes organizações" e "um forte empenho na cooperação multilateral".
Uma regra não escrita tem historicamente dado a liderança do BM a um norte-americano e a do Fundo Monetário Internacional (FMI) a um europeu.
Poucas horas depois, em comunicado, o Presidente dos EUA, Joe Biden, anunciou o nome do seu candidato, o executivo Ajay Banga, americano de ascendência indiana, devido à sua experiência no estabelecimento de parcerias público-privadas para gerir temas como a inclusão financeira e as alterações climáticas.
Críticas da Administração norte-americana à forma como David Malpass geriu este último dossier terão contribuido para a sua demissão, embora as razões da saída não tivessem sido especificadas.
O candidato dos EUA
A nomeação de Banga praticamente garante a sua nomeação para o cargo, numa altura em que a instituição prepara uma série de reformas profundas para responder melhor aos problemas climáticos e outros desafios prementes para os países em desenvolvimento.
"Ajay está preparado de uma forma única para liderar o Banco Mundial neste momento da história", referiu o texto publicado pela Casa Branca em nome Joe Biden.
Ajay Banga, de 63 anos, nasceu e cresceu na Índia, tendo conseguido a cidadania norte-americana. É vice-presidente da firma privada de capitais de investimento General Atlantic, que investiu mais de 800 milhões de dólares em soluções de carregamento EV, energia solar e agricultura sustentável. É ainda membro honorário da Câmara de Comércio Internacional.
Reformou-se em 2021 após 12 anos da presidência da Mastercard Inc., tendo tido por objetivo trazer mil milhões de pessoas e 50 milhões de micro e pequenos negócios à economia digital até 2025. Liderou ainda projetos em questões climáticas, de género e de agirucltura sustentável.
Foi ainda co-responsável do projeto Parceria para a América Central, ao lado da actual vice-presidente dos Estados Unidos, Kamala Harris, o qual mobilizou mais de quatro mil milhões de dólares em fundos privados, públicos e sem fins lucrativos, para incentivar oportunidades na região norte da América Central."Ele passou mais de três décadas a construir e a gerir empresas globais de sucesso que criam empregos e trazem investimentos às economias em desenvolvimento, e a guiar organizações em períodos de mudança fundamental", refere o comunicado sobre as razões da nomeação de Ajay Banga, sublinhando que o seu crescimento na Índia dá ao empresário uma perspetiva única sobre as formas como o BM poderá cumprir os objetivos de redução da pobreza e expansão da prosperidade.
A candidatura de Ajay Banga poderá responder aos anseios das economias emergentes de alargar o leque de escolha dos diretores tanto do BM como do FMI.
Já a Alemanha, outro dos grandes acionistas do Banco Mundial, sugeriu que o cargo fosse entregue desta vez a uma mulher. Seria a primeira vez em 77 anos de história da instituição.
David Malpass, de 66 anos, antigo responsável do Tesouro dos Estados Unidos, tinha assumido o cargo em abril de 2019, por sugestão do ex-presidente norte-americano Donald Trump. Acabou por anunciar inesperadamente a demissão a 15 de fevereiro, um ano antes do fim do mandato.
Com Lusa