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Banco Mundial corta nas estimativas para 2025 e antevê a pior década em 60 anos

por Carlos Santos Neves - RTP
Imagem de 2017 de um átrio da sede do Banco Mundial, em Washington Yuri Gripas - Reuters

O Banco Mundial carimbou esta terça-feira um acerto em baixa das respetivas previsões para o crescimento global em 2025, apostando agora nos 2,3 por cento. A instituição advertiu ainda que os anos de 2020 podem entrar para os registos como os mais fracos das últimas seis décadas em matéria de desempenho económico.

No relatório agora publicado, a instituição sediada em Washington aponta para um recuo em quatro décimas face à previsão avançada no arranque deste ano. É um acerto que vai ao encontro das expectativas do Fundo Monetário Internacional e da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico.

O Banco Mundial descarta, para já, um cenário recessivo em 2025. Todavia, admite que, caso "as previsões para os próximos dois anos" se materializem, a economia global acabe por patentear o crescimento médio mais débil desde os anos de 1960 nos primeiros sete da década de 2020. Uma desaceleração que aglutina sobretudo as economias mais desenvolvidas.

"Há somente seis meses, parecia estar à vista uma aterragem suave", afirmou Indermit Gill, economista-chefe do Banco Mundial, em conferência de imprensa por videochamada, acompanhada pela agência France Presse.

"Agora parece que estamos a caminhar para nova turbulência. Se não corrigirmos a trajetória, as consequências para os padrões de vida podem ser profundas", acentuou o mesmo responsável.Na base desta correção em baixa está o impacto da guerra comercial espoletada pela cascata de tarifas do presidente norte-americano, Donald Trump. Desde logo o braço-de-ferro entre as duas maiores economias globais: China e Estados Unidos.

"Devido ao elevado nível de incerteza política e à crescente fragmentação do comércio, as nossas perspetivas para 2025 e 2026 deterioraram-se", prosseguiu o economista-chefe do Banco Mundial.

Para os Estados Unidos, as estimativas sofrem uma correção em baixa de quase um ponto percentual, relativamente a janeiro. Prevê-se, agora, um crescimento de 1,4 por cento este ano e ténue recuperação em 2026.

o crescimento da China pode ser de 4,5 por cento este ano, antecipando-se um abrandamento nos dois anos subsequentes.

Para a Zona Euro, o Banco Mundial procede igualmente a uma revisão em baixa, neste caso de três décimas. Espera-se crescimentos de 0,7 por cento em 2025 e de 0,8 em 2026. A Índia deverá apresentar este ano um crescimento de 6,3 por cento, de acordo com o Banco Mundial.

Quanto aos países emergentes ou em desenvolvimento, na perspetiva do Banco Mundial o crescimento médio poderá ser de 3,8 por cento este ano e de 3,9 em 2026 e 2027. É uma média inferior em um ponto percentual àquela que se verificou nos anos de 2010.

Indermit Gill sublinha que o mundo terá a beneficiar de um abrandamento das tensões comerciais geradas pelas políticas do atual inquilino da Casa Branca. Isto se "todos trabalharem de boa-fé" com vista a "reduzir as barreiras pautais e não pautais com os Estados Unidos".

c/ agências
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