Bodiva. Estreia de investidores externos é sinal de confiança no mercado angolano

A presidente executiva da Bolsa de Dívida e Valores de Angola (Bodiva) defendeu esta terça-feira que a estreia de investidores não-residentes cambiais na operação do Banco de Fomento Angola revela confiança nas empresas angolanas e no mercado de capitais.

Lusa /

"Foi de facto uma surpresa para nós. Nós temos vindo, ao longo desses três anos em que começaram a ocorrer operações públicas de venda, a apelar também à captação de fundos estrangeiros (...). Fiz o destaque de ter havido essa injeção de capital estrangeiro, porque isso passa a confiança de que aquilo que os outros mercados já têm, também o mercado angolano começa a ter", disse Cristina Lourenço, em declarações aos jornalistas à margem da cerimónia que marcou o início da negociação em bolsa do Banco de Fomento Angola (BFA).

O banco angolano tornou-se na quinta empresa cotada da Bodiva, juntando-se aos bancos Caixa Angola, BAI e BCI e à seguradora ENSA, depois de abrir 29,75% do seu capital, através do BPI e da Unitel.

A responsável da Bodiva adiantou que os fundos vieram "de outras geografias, da Europa, nomeadamente, e de pessoas que, tal como os angolanos, acreditam no potencial das empresas angolanas e também do mercado angolano".

Embora o peso ainda não seja expressivo, Cristina Lourenço considerou que o sinal é relevante, reforçando o processo de consolidação e internacionalização do mercado.

A presidente executiva da Bodiva destacou também a evolução positiva do mercado secundário: "Temos tido um bom `turnover` das nossas negociações. À data de 30 de agosto (...), estávamos a falar de quatro biliões de kwanzas [cerca de 4,4 mil milhões de euros]" negociados em todos os segmentos do mercado -- dívida pública, ações e operações de reporte.

Apesar de a dívida pública ainda representar a maioria do volume de transações, Cristina Lourenço acredita que, com a entrada de mais emitentes no mercado acionista, o papel das corretoras, das distribuidoras, dos fundos de pensões e das gestoras de organismos de investimento coletivo será determinante para dinamizar o mercado, permitindo não só estratégias de compra e guarda, "mas também de descoberta de preços e de verdadeiro `trading` no mercado secundário".

Cristina Lourenço apontou ainda perspetivas de novas ofertas no âmbito do programa de privatizações do Estado (Propriv),  mas não só: "Fora do Propriv, também há outras empresas que têm essa pretensão de se cotarem um dia no mercado", adiantou.

Para Cristina Lourenço, trata-se de "um sinal robusto de que existe liquidez no mercado, de que existem investidores com capacidade para investirem nas (...) empresas nacionais e que, se uma empresa quiser financiar-se via bolsa, terá o caminho feito e a oportunidade para o fazer, seja pela emissão de ações ou pela emissão de obrigações".

A OPV do BFA, concluída na sexta-feira, registou uma procura cinco vezes superior à oferta, tornando-se a maior operação de sempre realizada na Bodiva.

 

Tópicos
PUB