Boletim. Banco de Portugal mais otimista quanto ao défice de 2026

A instituição agora liderada por Álvaro Santos Pereira espera um cenário mais positivo para a economia portuguesa, que deverá crescer dois por cento este ano. Melhora as projeções do défice deixadas por Mário Centeno e até vê a dúvida pública reduzir-se para menos de 90 por cento do PIB já em 2025.

João Santos Costa, Carlos Santos Neves - RTP /
Luis Boza - NurPhoto via AFP

São as primeiras contas com a assinatura do novo governador. Álvaro Santos Pereira tomou posse em setembro, quando o Banco de Portugal apresentou o último boletim económico, mas o então recém-empossado governador não quis dar a cara pelos cálculos do antecessor, Mário Centeno.Agora, a poucos dias do ano terminar, o banco central vem melhorar as projeções de junho.

O supervisor bancário está mais otimista quanto ao desempenho das contas públicas: estima um saldo nulo este ano e um défice de 0,4 por cento em 2026; melhor do que a anterior previsão de 1,3 por cento.Já a economia deverá crescer cerca de dois por cento este ano e acelerar para 2,3 no próximo, abrandando para 1,7 por cento em 2027, fruto da execução do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR).

Cenário mais otimista também na dívida pública. O Banco de Portugal estima que a trajetória de redução deverá acelerar acima do previsto e que a dívida soberana recue para 88,2 por cento do PIB este ano, ficando abaixo da fasquia dos 80 por cento dentro de dois anos.
Jornal da Tarde | 19 de dezembro de 2025

A inflação poderá acelerar ligeiramente, tal como previa esta semana o Banco Central Europeu, mas manter-se-á em torno da meta definida de dois por cento.
Interferência em previsões? "Era só o que faltava"
O governador do Banco de Portugal veio entretanto afastar qualquer interferência nas previsões macroeconómicas.

"Era só o que faltava dizer que a mudança de governador pode levar a mudança de práticas nas previsões", respondeu Álvaro Santos Pereira, quando questionado sobre a diferença entre as estimativas do boletim económico de dezembro e de junho.Em junho, o Banco de Portugal previa um défice de 0,1 por cento em 2025 e de 1,3 por cento em 2026.


Face às previsões mais otimistas, o antigo ministro da Economia sustentou que estas ficam a dever-se a um consumo mais elevado do que o esperado, além de "maior receita do que o estimado".

"Não tenho o condão de afetar o consumo dos portugueses, não tenho o condão de afetar a receita fiscal dos portugueses, nunca interferirei nas previsões técnicas do Bando de Portugal", insistiu.

c/ Lusa
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