BPI acusa CMVM e BdP de não terem analisado devidamente alegadas irregularidades no BCP
Lisboa, 26 Dez (Lusa) - O presidente do BPI acusou hoje a CMVM e o Banco de Portugal de "não terem feito o trabalho de casa como deve ser" quando a instituição a que preside entregou às entidades reguladoras uma comunicação sobre alegadas irregularidades no BCP.
"Se o tivessem feito teriam chegado mais cedo às conclusões a que agora estão a chegar", afirmou hoje Fernando Ulrich, numa conferência de imprensa para esclarecer notícias sobre a nomeação de Carlos Santos Ferreira para a presidência do BCP.
O presidente do BPI afirmou que "errar é humano", mas sublinhou que a CMVM e o Banco de Portugal não podem "insistir no mesmo erro" e "naquilo que ainda está em causa deverão ir até às últimas consequências".
"Aquilo que exijo é que as entidades tenham capacidade para reconhecer os erros", reforçou o presidente do BPI, que é o segundo maior accionista do BCP, com cerca de 8 por cento do capital.
Lamentando que se "tenha chegado a este ponto", Ulrich também criticou o facto de a CMVM e o Banco de Portugal terem actuado com base em documentos internos do BCP que foram divulgados ilegalmente para o exterior "como arma de arremesso nas lutas pelo poder no banco".
Quem trabalha numa instituição onde se verificam práticas irregulares "tem o dever" de as denunciar junto das autoridades competentes e não pode usar essas informações para "fins pessoais", notou Ulrich, frisando que este tipo de conduta também não pode deixar de ser punido.
Apesar de reconhecer as "tensões internas" no BCP, Ulrich assegurou que o banco não tem quaisquer problemas financeiros e também desdramatizou os receios de crise no sistema financeiro português.
"O sistema financeiro está bem e recomenda-se", disse aos jornalistas.
A comunicação do BPI sobre alegadas irregularidades no BCP foi entregue ao Banco de Portugal e à CMVM em Outubro de 2006, depois do BPI [segundo maior accionista do BCP com cerca de 8 por cento] ter recebido denúncias de pequenos accionistas e antigos funcionários do BCP.
O presidente do BPI foi um dos primeiros a denunciar eventuais situações irregulares. No início de Novembro, Fernando Ulrich dizia que "merecem uma reflexão" as situações em que os capitais dos bancos vêm de empréstimos que o próprio banco faz aos accionistas.
"Porque, no limite, pode não haver capital nenhum" e estar-se perante um caso de "concentração de risco", alertava.
ABI/TSM.
Lusa/Fim