Bragança continua a pagar os preços mais caros apesar das reduções
Bragança, 15 Abr (Lusa) - A região de Trás-os-Montes é a que regista as maiores reduções percentuais no preço do gás natural hoje anunciadas, mas continuará a pagar os preços mais elevados do país.
A redução de 19 e 12,3 por cento em pouco irá alterar a desvantagem dos consumidores de Trás-os-Montes que, segundo dados oficiais de 2007, pagavam o gás natural 43 por cento acima da média nacional.
A região transmontana continuará a pagar o metro cúbico mais caro, por exemplo, no escalão para aquecimento central.
O gás natural é a energia mais utilizada para aquecimento central nas habitações, mas aquela que é uma das regiões mais frias do país continuará a ter o metro cúbico mais caro superior ao pago em regiões mais amenas como Lisboa ou o Algarve, segundo cálculos feitos pela Lusa com base nas tabelas de preços em vigor desde 01 de Abril e disponíveis na Internet.
Com as reduções previstas de 12,3 por cento em Bragança, 11,9 por cento no Algarve e 2,2 por cento em Lisboa, o metro cúbico para escalão de aquecimento central rondará os 0,59 cêntimos em Bragança, 0,58 no Algarve e 0,55 cêntimos em Lisboa.
No escalão base, Bragança fica a pagar menos três cêntimos que os cerca de 0,82 de Lisboa, mas mais um cêntimo que o Algarve.
Em declarações à Lusa, o presidente da Câmara de Bragança, Jorge Nunes, considera "insuficiente" a redução hoje anunciada.
"É uma aproximação à média nacional", disse, mas "insuficiente para ultrapassar o fosso e a injustiça para com a região".
Esta realidade levou a autarquia de Bragança a reclamar, há um ano, junto do Ministério da Economia a redução das tarifas, que classificou de "exploração absurda das populações".
A razão apontada para a disparidade dos preços era o facto de o produto chegar a Trás-os-Montes através de camiões cisterna em estado líquido e ter de passar por um processo de gaseificação.
A redução de preços agora decidida pela entidade reguladora é a anunciada como uma medida para combater estas desigualdades.
Porém, para o autarca social-democrata de Bragança, esta região fronteiriça "só conseguirá ultrapassar esta desigualdade se os preços da energia forem equiparados aos de Espanha".
Jorge Nunes lembrou que a electricidade e o gás são 30 por cento mais baratos no outro lado da fronteira, o que faz com que muitos portugueses se desloquem às regiões vizinhas espanholas para comprar gás propano engarrafado.
Para o autarca "não é justo que no país existam escalões diferentes de gás natural", mas o que mais preocupa o autarca é a desigualdade com Espanha".
Nunes entende que esta redução deveria abranger também a actividade industrial, "pois sem apoios ao sector económico não há criação de emprego e fixação de gente no interior".
O presidente da Câmara de Bragança reclama para o Nordeste Transmontano "incentivos radicais" assentes num estatuto especial de interioridade equivalente à insularidade da s regiões autónomas.
Jorge Nunes não compreende como é que "um território pobre paga o gás natural mais caro do país".
HFI.