Brasileira CSN lança OPA sobre totalidade da Cimpor
A brasileira Companhia Siderúrgica Nacional lançou uma OPA sobre o capital da Cimpor, no total de 672 milhões de acções a 5,75 euros cada. Com a CSN a assinalar a aquisição como parte de uma estratégia para formar o que será uma das maiores produtoras de cimento do Mundo, o director-executivo da companhia assegurou a manutenção da cimenteira em Portugal.
"A OPA é juridicamente não solicitada, mas não é hostil. Estamos completamente abertos a trabalhar com os accionistas que queiram continuar connosco", garantia posteriormente fonte oficial da brasileira CSN, em declarações ao Diário Económico e ao Jornal de Negócios.
O anúncio preliminar da OPA, explicita que a aquisição fica subordinada à compra de um mínimo de 50 por cento do capital da cimenteira, sendo que a CSN "está preparada financeiramente" para adquirir a totalidade da Cimpor.
"A CSN poderá usar parte de seu caixa disponível e ou financiar parte ou a totalidade da aquisição com linhas de crédito de bancos de primeira linha", apontou a empresa brasileira.
CSN não quer hostilizar accionistas
Já num contacto com a Agência Lusa, fonte da empresa afirmava que "a CSN vê este investimento numa perspectiva de desenvolvimento estratégico do seu negócio e está muito interessada em colaborar com os accionistas que optem por se manter no capital da Cimpor".
O próprio director-executivo da CSN, Juarez Saliba de Avelar, indicou que há accionistas que estão na disposição de vender a sua participação na cimenteira portuguesa, não revelando no entanto nomes.
"Construímos uma proposta que é adequada à estrutura interna da Cimpor. Sabemos que há accionistas que querem ficar, que gostam da empresa, que acreditam que a empresa pode valer mais no futuro, e existem accionistas que querem sair", garantiu Saliba de Avelar, confiante de que os 5,75 euros propostos por papel serão motivo suficiente para ajudar à saída daqueles que pretendem abandonar o capital da empresa e que a CSN considera "uma mais-valia significativa face à média das cotações dos últimos seis meses".
Sustentando que "o volume negociado é muito pequeno e qualquer accionista que queira sair e coloque as acções no mercado vai perder muito dinheiro", Saliba de Avelar assegura que a CSN calculou o valor e fez "uma oferta que vai ser muito adequada para aqueles que queiram sair".
No que respeita aos accionistas que pretendem manter-se dentro do capital da cimenteira, o director-executivo garante da parte da CSN a oferta de "uma capacidade empresarial e uma capacidade financeira excepcionais", para o que espera poder "trabalhar em conjunto com a administração da empresa, responsável pela competente condução dos negócios da Cimpor até o presente momento, de modo a alcançar o sucesso da operação".
Cimpor em 12 países e quatro continentes
A Cimpor, principal cimenteira portuguesa, está presente em Espanha, Marrocos, Tunísia, Egípto, Turquia, Brasil, Moçambique, África do Sul, Cabo Verde, Índia, China e Peru, contando entre os seus principais accionistas a Teixeira Duarte (22,9 por cento), a francesa Lafarge (17,3 por cento), o empresário Manuel Fino (10,7 por cento) e a Caixa Geral de Depósitos (9,6 por cento).
Será nesse sentido que a CSN encara a aquisição da Cimpor como uma peça-chave da "estratégia de diversificação e internacionalização dos negócios" da empresa, permitindo "o acesso a mercados já consolidados e a novos mercados com elevado potencial de crescimento".
"Dentro dos focos de negócio da CSN, esta é uma das melhores oportunidades de diversificação e de internacionalização dos nossos negócios em mercados com grande potencial de crescimento", admitiu já o presidente da brasileira, Benjamin Steinbruch, no comunicado em que avança com a OPA.
"A operação amplia significativamente e consolida a presença da CSN no segmento de cimento, além da destacada posição já ocupada nos segmentos de siderurgia, mineração e logística" e "possibilitará uma melhor diversificação para a CSN em termos de produtos, novos mercados e localização geográfica de activos, contribuindo para a redução de riscos e adição de valor para seus accionistas", aponta ainda o texto.