Bruxelas prepara "FMI europeu" para proteger euro

por Sandra Salvado - RTP
Dario Pignatelli - Reuters

A Comissão Europeia está a preparar a criação de um Fundo Monetário Europeu (FME) para proteger o euro em futuras crises económicas e apoiar o potencial resgate de Estados-membros que estejam em situação complicada. Bruxelas acredita que o novo instrumento irá atuar como "corta-fogo" perante o risco de falência dos bancos. A proposta será apresentada no dia 6 de dezembro.

O projeto que está a ser elaborado por Bruxelas prevê ainda a criação de uma nova figura: um superministro das Finanças europeu, que reúne a direção económica da zona euro e da União Europeia, avança o El País esta terça-feira. O jornal espanhol teve acesso ao documento de 47 páginas.

Bruxelas quer que este novo FME seja o último passo na consolidação da união monetária e que ajude a resistir ao embate de futuras crises. O El País já lhe chama "uma pequena revolução" na zona euro, que vai funcionar como uma espécie de "corta-fogo" perante o risco de falência de bancos e permitirá ao mesmo tempo completar a união bancária.

Pensado à semelhança do FMI mas à escala europeia, o novo FME, cuja designação preferida pelo Presidente do Banco Central Europeu é Fundo Europeu de Estabilidade, prevê também o controlo dos sistemas anticrise na zona euro e terá capacidade para se financiar nos mercados.
As fragilidades do euro
“Passaram 16 anos desde que as primeiras moedas e notas de euro entraram no quotidiano dos europeus”, refere o documento da proposta sobre a criação do FME.

O plano reconhece também as fragilidades do euro: uma “moeda ainda adolescente”, com defeitos de fábrica que dificilmente são sustentáveis pelas diferenças fraturantes entre o Norte e o Sul da União Europeia, decorrentes também das incompatibilidades ou diferenças na política económica."A União Económica é mais forte do que antes da crise (…) mas ainda está incompleta", enfatiza o texto da proposta que deverá ser conhecida dentro de poucos dias.

A Comissão Europeia quer aproveitar a oportunidade oferecida pela recuperação da crise das dívidas para "completar a moeda". E o ponto de apoio para esta nova estrutura é um FME, que seria uma espécie de ponte entre o mínimo procurado por Bruxelas e Paris e o máximo que está disposto a dar a Berlim.

A Alemanha tem pressionado os parceiros para que este novo instrumento monitorize políticas fiscais e evite qualquer opção para criar um orçamento para a zona euro.

No documento agora revelado, a proposta surge com alguns ajustes face àquilo que era previsto inicialmente, devido à resistência da Alemanha em apoiar reformas mais ambiciosas.
"Salvaguardar a estabilidade financeira"
Dotado com 50 mil milhões, o Mecanismo Europeu de Estabilidade (MEE) reconvertido em Fundo Monetário Europeu propõe-se resgatar países em troca de ajustes, função para a qual tinha sido criado o MEE.

Bruxelas acredita que o novo FME será fundamental para “salvaguardar a estabilidade financeira”. Enquanto o MEE é formado pelos países da zona euro, que o financiam diretamente, o novo mecanismo pretende ser mais amplo, e incluir todos os países da União Bancária.


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