Cabo Verde planeia crescimento em áreas essenciais, apesar de OE 2026 emagrecer
O Governo cabo-verdiano anunciou hoje que o Orçamento do Estado (OE) para 2026 vai ficar 2,2 mil milhões de escudos (20 milhões de euros) abaixo do OE de 2025, mas cresce em áreas que considera essenciais.
"De 97,9 em 2025 para 95,7 mil milhões de escudos [de 890 para 870 milhões de euros] em 2026", afirmou o vice-primeiro-ministro e ministro das Finanças, Olavo Correia, na apresentação da proposta de lei que vai ser debatida no parlamento - onde o Movimento para a Democracia (MpD), que sustenta o Governo, tem maioria.
O governante explicou que a diminuição deve-se principalmente a cortes em aquisições de bens e serviços e em investimentos em ativos não financeiros.
Apesar da "redução nominal", Olavo Correia destacou que o orçamento para áreas essenciais como "educação, saúde, inclusão social, energia, água e saneamento aumenta".
No orçamento, os serviços gerais representam 28%, a saúde 13%, para a proteção social vai 14% dos recursos, outros 14% para a educação e 13% para assuntos económicos 13%.
"Nós temos feito um esforço para reduzir despesas, incluindo aquisições de bens e serviços, deslocações. Para 2026, o orçamento está bem estruturado", reforçou o ministro.
O executivo sublinhou ainda que deslocações de médicos, magistrados, inspetores e outros funcionários públicos continuam prioritárias e essenciais para o funcionamento do Estado e para a participação do país em acordos internacionais.
A proposta do OE 2026 foi entregue há cinco dias ao parlamento e visa o crescimento económico sustentável do arquipélago.
"Temos um orçamento que aposta na diversificação da economia e na resolução de questões cruciais para o crescimento, ancorado na ação climática, na transição energética e na inclusão social", afirmou Olavo Correia.
A nível macroeconómico, o OE prevê um crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de cerca de 6%, inflação em torno de 1,6%, taxa de desemprego de 7,3% e défice orçamental de 0,8% do PIB.
Quanto à dívida pública, a expectativa é atingir 97,4% do PIB em 2026.
"Desde 2020, temos vindo a reduzir a dívida em percentagem do PIB, sendo um dos países com melhor desempenho neste domínio no período pós-pandemia. Esta evolução demonstra o esforço do Governo em garantir a sustentabilidade orçamental", disse o ministro.
A proposta prevê ainda uma redução do Imposto sobre Rendimentos de Pessoas Coletivas (IRPC) de 21% para 20%, e está prevista a apresentação de medidas para reduzir o Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Singulares (IRPS).
Outras medidas incluem o fim do imposto de consumo especial para automóveis novos, redução para veículos usados e a diminuição de direitos de importação em cerca de 400 produtos, no âmbito da convergência com a taxa especial da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO).
O orçamento deverá também acelerar o programa de investimentos públicos e lançar projetos como o Hospital de Cabo Verde e o desenvolvimento dos aeroportos do país.
A proposta de OE 2026 aguarda agendamento para debate no plenário da Assembleia Nacional, cujo início dos trabalhos está marcado para quarta-feira.