Câmara de Leiria aprova orçamento de 97,4 ME para 2023

por Lusa

A Câmara de Leiria, de maioria socialista, aprovou hoje, com os votos contra dos vereadores do PSD, o orçamento para 2023, de 97,4 milhões de euros, documento dos "mais desafiantes da última década", disse o presidente.

"É um dos orçamentos mais desafiantes da última década, assente em pressupostos macroeconómicos bastante imprevisíveis", afirmou o presidente do município, Gonçalo Lopes, apontando a "crise económica com dimensão inflacionista".

Gonçalo Lopes disse mesmo que 2023 "será o ano mais desafiante da última década", dada a "profunda imprevisibilidade da evolução económica", devido à guerra na Ucrânia, aumento do custo da matéria-prima, a falta de mão-de-obra e o aumento dos custos energéticos.

A isto, o autarca acrescentou o "cenário de aumento das taxas de juro", admitindo que, embora a influência desta situação não seja muito grande para a dívida bancária da autarquia, o mesmo não será para famílias e empresas.

Gonçalo Lopes destacou que a prioridade é manter "contas certas, controladas e equilibradas", justificando que a Câmara não alterou o plano fiscal, pois tal iria "provocar diminuição abrupta de receitas".

O socialista exemplificou que, em 2021, o peso da energia nas contas municipais foi de 5,2 milhões de euros, sendo que este ano, até outubro, a despesa foi de 6,1 milhões de euros.

Sobre o orçamento, Gonçalo Lopes realçou a aposta na educação, frisando que "a escola é um elo avançado para o combate à crise", como o "reforço da ação social escolar, transportes, refeições, bolsas" de estudo, além de obras que estão em conclusão ou a projetar, como um novo centro escolar em São Romão, na zona urbana de Leiria.

Na saúde, além dos centros de saúde que estão em curso -- Amor, Parceiros e Bidoeira -, a autarquia está a projetar outros, salientando ainda "a aposta nos investimentos realizados pelas freguesias", que no próximo ano será de 11 milhões de euros.

Rede viária municipal, incluindo a Estrada Nacional 350 (que liga Leiria a Ourém) que a autarquia recebeu, o Fundo de Emergência, criado no âmbito da pandemia de covid-19 e que soma 1,2 milhões de euros para responder a situações sociais emergentes, mobilidade e eficiência energética foram outras áreas de investimento elencadas pelo autarca.

Gonçalo Lopes referiu-se depois à segurança e proteção civil como "áreas vitais", anunciando o lançamento do concurso para a instalação da segunda fase da videovigilância na cidade de Leiria.

Por parte do PSD, Álvaro Madureira realçou que "uma coisa é apresentar o orçamento" e outra é "depois executá-lo", notando que, "com a não execução da obra", o município vai ter "um saldo exorbitante".

O social-democrata considerou, por outro lado, que a redução dos encargos por parte das famílias não se regista nas políticas da Câmara, pois "mantém o preço da água, dos resíduos".

"Há muita coisa para se fazer e não se faz", considerou o vereador do PSD, assinalando a "falta de estacionamento enorme" no concelho, principalmente na cidade de Leiria, questionando: "O que está aqui [no orçamento] para resolver esse problema?".

Perguntando também onde estão os parques empresariais da Maceira, Caranguejeira e Santa Catarina da Serra, Álvaro Madureira apontou que há "falhas enormes" ao nível da infraestruturação.

"Há uma série de situações que poderiam ser melhoradas e não as vemos neste documento", declarou, adiantando que, "de uma forma geral, mantém-se aquela inércia que o senhor presidente agora vai desculpando por causa dos materiais estarem caros - em parte tem o seu fundamento - e a escassez de mão-de-obra, que vão alavancar os preços da obra e, portanto, incerteza também na execução da mesma, mas há aspetos a melhorar".

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