Câmara de Valongo vai desinfestar povoação perto do aterro da Recivalongo

A Câmara de Valongo vai avançar com a desinfestação urgente do lugar de Vilar, povoação mais próxima do aterro da Recivalongo, em Sobrado, correspondendo ao pedido de intervenção feito pela Associação Jornada Principal (AJP), informou hoje o município.

Lusa /

"Na sequência do aumento de queixas de pragas de baratas e de ratos na zona do Vilar, vimos por este meio solicitar a vossa atuação para a desinfestação das ruas com a máxima urgência possível", lê-se na comunicação da AJP, a que a Lusa teve acesso.

Em resposta, o executivo liderado pelo socialista José Manuel Ribeiro correspondeu e anunciou que "os serviços da Divisão de Logística da Câmara Municipal de Valongo já solicitaram a intervenção urgente da empresa contratada para efetuar a desinfestação dos espaços públicos do concelho".

Em esclarecimento enviado à Lusa, considera o município que "independentemente desta situação em particular, cujas causas só poderão ser apuradas após o envio do relatório da empresa de desinfestação, o atual executivo da Câmara Municipal de Valongo continua, como sempre esteve, ao lado da população de Sobrado, tendo como principal objetivo o encerramento e a descontaminação do aterro que foi mal licenciado em 2007, constituindo efetivamente um problema de saúde pública para a população que vive nas proximidades do aterro".

A 24 de junho, a AJP denunciou em carta enviada à delegada de Saúde Regional do Norte, Maria Neto, que nas últimas semanas "cerca de 40 pessoas, tendo algumas sido internadas no hospital", foram picadas por insetos", relacionando-as com a atividade do aterro.

O documento era acompanhado de 30 fotografias onde se mostram "pessoas de todas as idades com os membros ou outras partes do corpo inchadas por causa das picadas", explicou à Lusa a presidente da associação ambientalista Marisol Marques.

"Nas últimas semanas foram cerca de 40 pessoas que ficaram infetadas após serem picadas", acrescentou, precisando que, entre elas, estão "cinco jogadores da equipa de futebol do Sobrado, tendo um deles ficado internado uns dias".

Em resposta, na mesma data, a empresa gestora do aterro citou o "mais recente estudo (...) realizado pela Biota e concluído no início de 2021", e feito "durante um ano na zona do aterro e na zona urbana da freguesia, até às habitações de Sobrado", para afirmar que os peritos não encontraram "evidências de que a atividade (...) possa ter um papel de promoção de comunidades de insetos que possam ser prejudiciais para a saúde pública, ou mesmo potenciadoras de incomodidades para as populações".

No comunicado enviado à Lusa, a empresa sustenta que "os levantamentos têm identificado como potenciais causas da existência destes insetos a proximidade ao rio Ferreira poluído, a existência de explorações agrícolas e pecuárias e o deficiente funcionamento da ETAR de Campo".

O lugar de Vilar, onde reside "a maior parte das pessoas que sofreram as picadas dos insetos", segundo fonte da AJP, situa-se na vizinhança do aterro.

"Estamos solidários e compreendemos o desespero da população sobradense. A única solução para pôr fim a este problema é o encerramento do aterro. Aguardamos com expectativa o desfecho da ação popular interposta pela Associação Jornada Principal, pois se o tribunal decretar que o licenciamento urbanístico é ilegal, o aterro terá de ser encerrado", lê-se ainda no esclarecimento da autarquia.

A Câmara de Valongo recorda que "também se pronunciou contra a renovação das licenças, em 2017/18, pela APA (Agência Portuguesa do Ambiente) e pela CCDR-N (Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte). Contudo, estas duas entidades não consideraram a posição da autarquia e renovaram as licenças de forma unilateral".

O aterro é gerido desde 2007 pela Recivalongo, que começou a ser acusada em 2019 de "crime ambiental" pela população, pela Jornada Principal e pela Câmara Municipal após ter sido detetado que detinha "mais de 420 licenças para tratar todo o tipo de resíduos".

O assunto avançou, entretanto, para os tribunais com ações avançadas por ambas as partes.

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