Câmara do Comércio de Angra acusa autarquia de falta de visão estratégica
Angra do Heroísmo, 22 Abr (Lusa) - A Câmara do Comércio de Angra do Heroísmo (CCAH), ilha Terceira, acusou hoje a Câmara Municipal local de falta de visão estratégica, que compromete e atrasa o futuro do desenvolvimento empresarial e económico do concelho.
Em conferência de imprensa, o presidente da CCAH, Sandro Paim, sustentou que o "tratamento dado pela câmara municipal aos empresários da zona industrial do concelho tem provocado a sua indignação".
"A zona industrial está esgotada, falta criar diversas infra-estruturas (rodoviárias, passeios e segurança), os empresários não ficaram isentos do IMT, ao contrário do prometido, e inviabilizou a compra dos lotes pelo preço exorbitante que pediu", explicou o dirigente da CCAH.
Segundo a Câmara do Comércio, a autarquia pediu 33,50 euros por metro quadrado, quando uma avaliação oficial e independente dos empresários concluiu pelo preço de 11,96 euros.
Sandro Paim afirmou que o preço pedido pela autarquia é um "desincentivo para a concentração daquelas empresas que geraram no local mais de 500 postos de trabalho".
"Esta posição da câmara municipal é contra-natura, pois por todo o país são criados incentivos para as zonas e parques industriais, alguns dos quais através da venda de terrenos a três euros o metro quadrado", adiantou.
José Pedro Cardoso, presidente da autarquia de Angra do Heroísmo, disse à agência Lusa que "o preço foi estabelecido depois de um estudo efectuado pelos técnicos da Comissão Municipal de Avaliação".
"Alguns empresários começaram a adquirir os terrenos pelo preço estabelecido, enquanto outros propuseram a sua aquisição por um terço daquele valor", acrescentou.
Segundo José Pedro Cardoso, "não é possível defraudar aqueles que já adquiriram os terrenos vendendo mais barato a outros. O preço está fixado".
Para o presidente da autarquia, a zona industrial foi concebida para "conceder o direito de superfície por cinquenta anos, durante os quais os empresários pagam uma renda".
"Sabemos que alguns têm dificuldades no acesso a empréstimos, por não poderem dar os terrenos como garantia de hipoteca, mas não podemos fazer nada", frisou o autarca.
Empresários e autarquia revelaram que vão continuar as reuniões para se tentar chegar a um entendimento.
JAS