Cada vez mais utilizadores desligam as notificações de aplicações de notícias dos telemóveis, revela um estudo. É o "cansaço dos alertas".
Plim. Plim. Plim. Os alarmes e as notificações nos telemóveis aumentaram exponencialmente, à medida que os utilizadores descarregam aplicações para quase tudo. Desde notícias às mensagens das redes sociais, contas para pagar ou mesmo para indicar que está na hora de se levantar e caminhar um pouco.
O Relatório de Notícias Digitais da Reuters para 2025, em colaboração com a Universidade de Oxford, aponta que 79 por cento das pessoas auscultadas em 28 países afirmaram que atualmente não recebem notificações de notícias.
Mais especificamente, 43 por cento desativaram notificações de forma consciente.
Estes utilizadores de telemóveis argumentam que passaram a receber demasiadas notificações. Queixam-se de que grande parte não tem utilidade.
Alertas das notícias
Este estudo explica a difusão das notificações e mergulha em algumas das grandes entidades da comunicação social mundial.
Por exemplo, nos EUA, a vontade de se estar sempre atualizado com as últimas notícias fez crescer a utilização semanal destes alertas de seis para 23 por cento, desde 2014. No Reino Unido, a subida do interesse dos utilizadores foi ligeiramente menor, de três para 18 por cento, de acordo com o estudo.
Entre os emissores mais eficazes está a britânica BBC News. A análise destaca que esta operadora de comunicação social tem quase quatro milhões de pessoas no Reino Unido a receberem alertas.
Já a publicação The Times não envia mais do que quatro alertas por dia. O Financial Times envia diversos alertas de notícias gerais para todos e, em seguida, uma notificação personalizada no mesmo horário todos os dias para aqueles que optam por participar.
O Jerusalem Post e a CNN Indonésia enviam até 50 alertas por dia.
Depois entram também em jogo as aplicações de agregadores de notícias que multiplicam as notificações, podendo mesmo difundir vários alertas sobre a mesma história.Foi também identificado no estudo que quem envia as notificações tem consciência da fronteira entre afogar o recetor em alertas e a possibilidade de esse recetor deixar de usar a aplicação.
“É definitivamente um cansaço dos alertas. Isso tem a ver com a prevenção de notícias. [Os utilizadores] querem proteger-se durante o dia, para que não se distraiam e possam continuar com outras coisas. Isso não significa dizer que essas pessoas não estão interessadas em notícias, mas simplesmente não querem notícias o tempo todo, 24 horas por dia”, sustenta Newman.
As grandes operadoras de software de smartphones, como a Apple e a Google, têm recomendado aos editores a diminuição do envio de notificações. Os gigantes sustentam que "muitos alertas podem causar problemas para toda a indústria" e vão avisando que "podem ter que restringir ou mediar as notificações no futuro".
Surgem ainda outros exemplos: o New York Times apresenta uma média de dez por dia, enquanto a Tagesschau, na Alemanha, regista cerca de dois alertas diários; a NDTV, na Índia, envia 29 enquanto a BBC News surge com uma média de 8,3 por dia. O Guardian envia cerca de sete por dia, de acordo com a mesma ferramenta de pesquisa.
A RTP Notícias pode atingir as 40 notificações diárias, dependendo dos acontecimentos relevantes do dia. Porém, a página 100 do estudo global dedicada a Portugal não trata do problema dos alertas, esmiuça sim, as políticas de cortes e a reforma na comunicação social portuguesa.
É ainda explicado que "a relação dos jovens com as notícias é complexa e moldada pela dependência de plataformas de redes sociais como Instagram, YouTube e TikTok, o que enfraquece sua ligação com os media tradicionais".
É ainda explicado que "a relação dos jovens com as notícias é complexa e moldada pela dependência de plataformas de redes sociais como Instagram, YouTube e TikTok, o que enfraquece sua ligação com os media tradicionais".
De acordo com a análise, os jovens "geralmente demonstram menor confiança nas notícias, menos preocupação com a desinformação online e sentem que jornalistas e as marcas de notícias podem contribuir para a desinformação".