Centeno fica no BdP e espera respeito pela carreira de 35 anos na instituição

O governador do Banco de Portugal, Mário Centeno, confirmou hoje no parlamento que vai continuar na instituição depois de sair do cargo, esperando respeito pela sua carreira de 35 anos no banco.

Lusa /

"É evidente que eu vou ficar no Banco de Portugal. Eu estou no Banco de Portugal há 35 anos", afirmou, depois de ser questionado pelas bancadas parlamentares do PSD e CDS-PP se irá continuar a trabalhar no banco central.

Mário Centeno intervinha numa audição na Comissão de Orçamento, Finanças e Administração Pública (COFAP), onde foi chamado a falar sobre o plano de atividades do banco central e, a pedido do CDS-PP, sobre o contrato de compra do novo edifício central do BdP celebrado com a seguradora Fidelidade.

Durante a audição, os deputados Alberto Fonseca (PSD) e Paulo Núncio (CDS-PP) quiseram saber o que fará o atual governador quando deixar a liderança da instituição, na qual será sucedido pelo economista Álvaro Santos Pereira, ex-ministro da Economia do Governo de Pedro Passos Coelho.

Paulo Núncio afirmou que Santos Pereira mostrou publicamente não querer que o atual governador continue no BdP e, por isso, quis saber o que fará o atual. Núncio referia-se ao facto de o sucessor de Centeno, ouvido no parlamento em 17 de setembro, ter afirmado que "nunca ficaria nos quadros do banco depois de ser governador".

Depois de ser questionado várias vezes sobre o assunto, Centeno respondeu afirmativamente, mostrando esperar que a sua carreira seja respeitada.

"O senhor deputado sabe o que são 35 anos? O senhor deputado sabe o que são 35 anos de uma carreira? O senhor deputado está disponível para respeitar uma carreira de 35 anos?", perguntou, para, de seguida, acrescentar: "Eu acho que toda a gente vai estar [disponível para respeitar o seu passado profissional]".

Num primeiro momento, o atual governador citou exemplos de antigos administradores da instituição que passaram a ser consultores do Conselho de Administração, depois de terminarem o mandato neste órgão, referindo os exemplos de Helder Rosalino (ex-administrador), José de Matos (ex-vice-governador), Pedro Duarte Neves (ex-vice-governador) e Vítor Constâncio (ex-governador).

"O meu caso não é diferente", afirmou, embora sem clarificar se o mesmo acontecerá no seu caso.

Mais tarde, Paulo Núncio retomou o assunto, perguntando se vai continuar na instituição. Centeno começou por não responder à pergunta.

Perante a ausência de esclarecimento, o deputado do PSD Alberto Fonseca insistiu no tema e Paulo Núncio também repetiu a pergunta, levando Centeno a esclarecer nessa altura que continuará no BdP.

Paulo Núncio também perguntou a Centeno se o atual chefe de gabinete, Álvaro Novo, presente na audição ao seu lado, foi nomeado para "algum cargo de topo" na última reunião do Conselho de Administração, realizada esta semana.

Centeno começou por não abordar o assunto, o que levou o parlamentar a insistir num esclarecimento.

O governador disse que "o professor Álvaro Novo não vai ser despedido do BdP". Perante a resposta, o deputado pediu uma resposta direta. "Foi nomeado ou não foi nomeado, senhor governador? Responda por uma questão de transparência", reagiu Paulo Núncio.

O governador disse que já tinha respondido, acrescentando: "Se o senhor professor Álvaro Novo vai deixar de ser chefe de gabinete, vai ocupar outra função. Se o senhor deputado considera que isso é uma nomeação, [sim], foi [nomeado para um cargo pelo Conselho de Administração]".

Centeno já foi consultor da administração do BdP entre dezembro de 2013 e novembro de 2015, após sair de diretor adjunto do Departamento de Estudos Económicos do BdP, e antes de ser ministro das Finanças (Governos PS, de António Costa).

O Governo anunciou em 24 de julho que o próximo governador será Santos Pereira. O economista foi ouvido no parlamento em 17 de setembro, um passo necessário para ser designado pelo executivo, tendo a COFAP emitido hoje um parecer positivo à sua nomeação.

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