CES aponta capital e dimensão das empresas como entraves à produtividade
Os portugueses não trabalham poucas horas, mas a produtividade continua baixa, alertou hoje o Conselho Económico e Social (CES) durante a audição sobre a Conta Geral do Estado 2024, tema que dominou grande parte do debate parlamentar.
"Não é um problema, obviamente, dos trabalhadores trabalharem pouco ou poucas horas, é um problema, desde logo, de haver pouco capital", sublinhou o conselheiro da entidade, Óscar Gaspar.
O responsável apontou que a fraca capitalização e a dimensão reduzida das empresas portuguesas limitam a produtividade: "Em vários casos, temos multinacionais com níveis de produtividade superior a outras empresas nacionais".
Óscar Gaspar criticou também a execução do investimento público.
"Em diversas áreas, de facto, temos investimento, seja em edificado, seja em equipamento, seja em termos de formação, que fica aquém daquilo que era necessário para a satisfação das necessidades das populações", afirmou.
Sobre os objetivos do acordo de concertação social, apontou: "No acordo falava-se na questão da valorização das remunerações e dos rendimentos, mas também que deveríamos caminhar para um crescimento de 2% da produtividade. Aquilo que constatamos é que essa meta do acordo não está a ser cumprida. Não foi o ano passado e este ano também suponho que não está e, portanto, leva-nos a pensar que temos que ter aqui alguns instrumentos para aumentar a produtividade".
O presidente do CES, Luís Pais Antunes, reforçou o alerta: "Portugal necessita urgentemente que as microempresas passem a pequenas, que as pequenas passem a médias e que as médias passem a grandes, porque sem isso não vamos conseguir ganhar o desafio da produtividade".