CGD: Governo injeta 2,7 mil milhões de euros em março

BCE e Banco de Portugal deram luz verde à recapitalização da Caixa Geral dos Depósitos.
A operação deverá acontecer em março do próximo ano, logo depois do fecho oficial de contas relativo a 2016.

Rui Sá, João Fernando Ramos /
O Estado injeta, em dinheiro, 2 mil e 700 milhões de euros na Caixa Geral de Depósitos logo após o fecho de contas deste ano.

O banco público tem igualmente autorização para emitir, nesse momento, quinhentos milhões de euros em instrumentos de dívida para vender a privados.

Marco Silva lembra a vantagem de esses produtos possam ser ações sem direito de votop e não obrigações.

"As ações dão direito a dividendos em caso de haver lucros para distribuir, as obrigações garantem um juro que neste caso pode chegar aos 50 milhões de euros por ano".

O analista financeiro garante que, perante a reestruturação do banco público, o mercado está aberto à solução das ações sem direito de voto ("ainda que sejam menos apetecíveis do que as obrigações"), o que traria folga à Caixa para se colocar ao serviço da economia nacional.

"A reestruturação em curso (fecho de 180 balcões e rescisão com 2200 colaboradores) vai permitir uma poupança de cerca de 75 milhões de euros por ano. A quase totalidade dessa folga pode ficar comprometida com a decisão de emitir obrigações de dívida", explica o especialista no Jornal 2.

BCE e Banco de Portugal autorizam também a caixa a utilizar um pouco mais de 1400 milhões de euros das suas reservas legais para cobrir prejuízos de exercícios anteriores.

"Há um assumir das imparidades que não foram geradas no último ano, vêm do período da governação de Pedro Passos Coelho, e até mesmo de José Sócrates". Marco Silva alerta no entanto para um facto contido no comunicado da CGD. "É retirado capital para reservas livres o que indicia que para o ano o banco possa ter que assumir mais imparidades que ainda não são conhecidas".

O processo de recapitalização, que agora teve luz verde dos reguladores, prevê desde já a entrega, por parte do Estado, das ações do banco que estavam na posse da Parcaixa, e transforma em capital social o empréstimo público de 900 milhões de euros feito em 2012.

Por outras palavras a Caixa deixa de ter que pagar o que pediu emprestado ao Estado ao abrigo do programa de assistência financeira negociado com a Troika.

Contas feitas até março do próximo ano a caixa é recapitalizada em cerca de 4,6 mil milhões de euros.

Os 500 milhões adicionais previstos no plano, serão objeto de uma segunda fase de recapitalização, ainda sem data.

Este reforço de capital acontecerá através de nova subscrição por parte de investidores privados e manterá como característica base a não atribuição de direitos de voto, pelo que o controlo total do banco será mantido na esfera pública.
PUB