China restringe gastos do fundador do grupo Wanda por não pagamento de dívidas
Um tribunal chinês restringiu os gastos de luxo do fundador da Dalian Wanda, após o grupo não conseguir pagar dívidas de 26 milhões de dólares (22 milhões de euros), noticiou hoje o portal Yicai.
A decisão, proferida por um tribunal na cidade de Lanzhou, no norte da China, proíbe Wang Jianlin -- outrora o homem mais rico do país -- de viajar em primeira classe, alojar-se em hotéis de luxo ou adquirir propriedades, segundo o Yicai.
Wang foi considerado o mais rico da China pelas edições de 2013, 2015 e 2016 da revista Forbes, com uma fortuna estimada em 33 mil milhões de dólares (28 milhões de euros).
Contudo, o prolongado colapso do setor imobiliário reduziu esse valor para cerca de 4,2 mil milhões de dólares (quase 3,6 milhões de euros), de acordo com a mesma publicação.
Segundo o Yicai, o caso está relacionado com uma "disputa económica", estando em curso negociações, mas a decisão de restringir os gastos poderá resultar de "falta de informação" durante o processo judicial.
Os problemas legais do grupo intensificaram-se desde o início do ano, com a Wanda, que já foi a maior promotora imobiliária da China, a enfrentar uma dezena de processos que somam cerca de 5,3 mil milhões de yuan (635 milhões de euros) e 38 ordens de congelamento de ativos.
A filial hoteleira do grupo, Wanda Real Estate, está implicada em mais de 400 litígios envolvendo passivos no valor de 1,8 mil milhões de yuan (216 milhões de euros).
Um analista citado pelo Yicai afirmou que quase todos os casos derivam de incumprimentos de dívida, sendo que a maioria das ordens de congelamento se refere a obrigações vencidas, como empréstimos bancários e produtos fiduciários.
No final de 2023, a Wanda esteve à beira de uma crise de liquidez, que evitou ao chegar a um acordo com investidores que tinham adquirido ações na falhada oferta pública inicial da Zhuhai Wanda, a filial de gestão de centros comerciais, que implicaria um reembolso imediato de 30 mil milhões de yuan (3.595 milhões de euros).
Nos últimos anos, o elevado nível de endividamento forçou o grupo a alienar vários ativos e participações nos setores hoteleiro e do entretenimento.