Cimpor alimenta suspeitas de cartelização
As autoridades da concorrência brasileiras suspeitam que a cimenteira portuguesa esteja envolvida em manobras de concertação com a Camargo Corrêa e a Votorantim para impedir a entrada de concorrentes no mercado brasileiro. De acordo com as autoridades haverá um visado especial nesteas movimentações, a CSN, que recentemente lançou uma OPA sobre a Cimpor.
A confirmar-se, a estratégia da Cimpor é a resposta da cimenteira à OPA lançada pela CSN a 18 de Dezembro passado. Os parceiros da empresa portuguesa nesta eventual cartelização serão os grupos Camargo Corrêa (que na passada semana adquiriu a totalidade da posição da Teixeira Duarte (22,17%), avançando depois para os 6,46% dos espanhóis Bipadosa, para um total de 29% na Cimpor) e a Votorantim (que detém em conjunto com a Caixa Geral de Depósitos 31 por cento da cimenteira portuguesa, depois de no início deste mês ter adquirido os 17,3% da francesa Lafarge).
"Desconfiamos que pode haver uma investida conjunta por parte do Conselho de Administração da Cimpor e cimenteiras no Brasil - pelo menos Camargo Corrêa e Votorantim - para evitar a entrada de um agente não alinhado ao suposto cartel", explicou à Agência Lusa Mariana Tavares de Araujo.
"É uma estratégia que já se mostrou verdadeira nesse mercado em outros momentos", explicou esta responsável do Ministério brasileiro da Justiça.
Nesse sentido, a Votorantim - que controla 40% do mercado de cimentos no Brasil - e a Camargo Corrêa - com uma quota de 9% - estão já sob investigação das autoridades governamentais de Brasília. A CSN apresentara logo no início da passada semana uma acção cautelar no Conselho Administrativo de Defesa Económica. A acção visa impedir efeitos no Brasil da entrada na Cimpor destas duas empresas.
OPA da Companhia Siderúrgica até 17 de Fevereiro
No início da segunda quinzena de Dezembro, a Cimpor foi surpreendida com o lançamento de uma OPA (Oferta Pública de Aquisição) por parte dos brasileiros da CSN, que ofereciam então 5,75 euros por acção numa OPA que decorre até dia 17 de Fevereiro, a próxima quarta-feira.
A Administração da Cimpor deu resposta negativa à oferta pública, considerando estar abaixo do real valor dos títulos o preço oferecido por acção.
Após a entrada da Camargo Corrêa na cimenteira portuguesa, a CSN subiu na última sexta-feira a oferta por papel para 6,18 euros, aguardando-se uma resposta da Administração esta segunda-feira.