Clube Naval Setubalense quer porto de recreio na Toca do Pai Lopes
O Clube Naval Setubalense anunciou hoje a intenção de construir um porto de recreio para 350 a 400 embarcações na zona da Toca do Pai Lopes, obra com um custo estimado de 20 milhões de euros.
A construção do porto de recreio, na zona abrangida pelo Programa POLIS/Setúbal, pretende dotar a cidade de uma infra-estrutura marítima para receber embarcações residentes ou de passagem, de forma a corresponder a uma procura cada vez maior da náutica de recreio.
Segundo revelou hoje o presidente do Clube Naval Setubalense, Carrilho do Rosário, trata-se de um projecto importante para a cidade porque "vai dinamizar as actividades náuticas, criar novos postos de trabalho e contribuir para virar a cidade cada vez mais para o rio Sado".
Carrilho do Rosário falava a dezenas de personalidades e agentes económicos da região que assistiram à cerimónia de apresentação do projecto de construção do porto de recreio - integrado "Construir o Futuro" -, que decorreu nas instalações do Clube Naval Setubalense.
"O Clube Naval tem estudos técnicos e económicos que fundamentam um projecto desta natureza. Não nos lançamos apenas porque é bonito ter uma marina, mas porque a procura na náutica de recreio é enorme e porque temos praticamente consolidada a base institucional de financiamento para o projecto", assegurou, salientando que "Clube Naval tem uma lista de espera de 600 embarcações de recreio".
A construção de uma marina, ou porto de recreio, é também um desejo manifestado desde há alguns anos pelo presidente da Câmara de Setúbal, Carlos de Sousa, que se associou ao lançamento do projecto do Clube Naval Setubalense, juntamente com o presidente da Administração dos Portos de Setúbal e Sesimbra e a vice-presidente da Região de Turismo Costa Azul, Paula Costa.
Inicialmente, Carlos de Sousa deparou-se com a oposição do presidente da Sociedade Setúbal/Polis, Fonseca Ferreira, mas o autarca garante que o problema está ultrapassado e que o regulamento do Plano de Pormenor do programa Polis, em fase de conclusão, já inclui a possibilidade de se fazer um porto de recreio.
Carlos de Sousa admitiu também a possibilidade da autarquia conseguir um apoio financeiro para a construção do molhe, que representa o maior encargo na construção do porto de recreio, no âmbito de uma candidatura ao PETER, um programa comunitário para a promoção de projectos turísticos.
O autarca justificou o interesse da Câmara no porto de recreio com o facto de se tratar de uma infra-estrutura de grande importância para o desenvolvimento do concelho de Setúbal.
"Num mundo cada vez mais globalizado e em que assistimos diariamente aos fenómenos de deslocalização de empresas, quando fazemos o planeamento estratégico de um concelho temos de pensar no que nos diferencia dos outros e no que não é deslocalizável. E é com base nisso que temos de perspectivar o futuro", disse.
"Em Setúbal é fácil de perceber que a serra da Arrábida, o rio e o estuário do Sado são as nossas maiores riquezas. Foi por isso que decidimos considerar a possibilidade de um porto de recreio no programa POLIS/Setúbal", acrescentou Carlos de Sousa.
O Clube Naval Setubalense não é, no entanto, a única entidade interessada na construção de uma marina junto à Toca do Pai Lopes.
Em Novembro do ano passado o responsável pela área de projectos da empresa de infra-estruturas náuticas Celtic Marine, entregou à autarquia um ante-projecto para a construção de uma marina atlântica no estuário do Sado.
O projecto previa a construção de uma marina com quebra-mares flutuantes e com capacidade para dois navios de cruzeiro, onze super- iates e 600 embarcações de recreio, bem como uma zona de apoio constituída por cinco edifícios de quatro pisos.
Na altura o presidente da Câmara de Setúbal mostrou-se entusiasmado com o projecto, mas hoje revelou que havia dúvidas sobre a utilização dos quebra-mares flutuantes.
O presidente do Clube Naval Setubalense, Carrilho do Rosário, não tem dúvidas em afirmar que o projecto da "marina atlântica" é inviável, uma vez que a profundidade do rio na zona da Toca do Pai Lopes é de apenas dez metros.
"Para receber navios de cruzeiro seria necessário fazer um investimento muito elevado que seria incomportável para a viabilidade económica do porto de recreio", considerou o presidente do Clube Naval Setubalense.