Combustíveis. Marcelo promulga lei "paliativa" enquanto UE procura soluções conjuntas

por RTP
António Antunes - RTP

O Presidente da República anunciou, esta quarta-feira, a promulgação do diploma que permite ao Governo limitar os preços dos combustíveis, enquanto Costa anunciava que Portugal vai defender em Bruxelas a compra conjunta de combustíveis. Numa Europa que a Comissão Europeia diz estar demasiado dependente das importações de gás, fala-se agora de "trabalho de equipa". Os chefes de Estado e de Governo reúnem-se hoje e amanhã em Bruxelas para avaliar medidas que possam minimizar os preços dos aumentos.

Marcelo Rebelo de Sousa apontou a ferida e colocou o dedo. A lei que ontem promulgou tem “evidentes limitações” e representa "um pequeno passo para mitigar uma situação de emergência económica e social".

Numa nota colocada no portal da Presidência da República na Internet, Marcelo Rebelo de Sousa escreve que a lei "adota medidas paliativas, indispensáveis e urgentes".

"Paliativas, porque visando atenuar sacrifícios e suavizar, parcialmente, os custos sociais do presente preço dos combustíveis", clarificou o chefe de Estado. Indispensáveis, "porque esses custos atingem, de forma muito agravada, as famílias e as empresas". E urgentes, "atendendo aos efeitos económicos e sociais imediatos desses sacrifícios".

Há questões que o chefe de Estado diz não estarem resolvidas. "Não reequacionam globalmente os impostos sobre os combustíveis, que há muito existem e são elevados, correspondendo a escolhas políticas, quanto à substituição de energias fosseis pelas novas energias limpas”, diz.

Considera que estas medidas são de curta duração, insuficientes para enfrentar os aumentos sucessivos e prolongados e alertou para o peso dos impostos cobrados pelo Estado.

O Presidente da República frisou esta tarde que as causas da subida do preço dos combustíveis são "globais", admitindo que algumas venham a ser "de longa duração"."O problema do fornecimento de gás e o custo do gás" e "a quebra do investimento em certas formas de energia, nomeadamente renováveis, durante a pandemia, foi uma realidade internacional", explicou o chefe de Estado.

Marcelo Rebelo de Sousa considerou, por isso, que "certas realidades têm de ser discutidas a nível internacional, a União Europeia está a fazê-lo".

"Vai ser necessário a nível internacional não iludir as causas daquilo que se passa", considerou. "A subida do preço da energia tem causas internacionais, e essas causas internacionais chegam a Portugal por várias vias".

Com os preços da energia a pressionar os consumidores e as empresas, os chefes de Estado e de Governo reúnem-se hoje e amanhã em Bruxelas para avaliar medidas que possam minimizar os preços dos aumentos.
Neste sentido, o primeiro-ministro tinha anunciado perante o Parlamento que Portugal vai defender em Bruxelas a compra conjunta de combustíveis.

António Costa deu como exemplo a compra de vacinas e de como o mesmo método se pode aplicar agora aos combustíveis.


Ontem mesmo, a presidente da Comissão Europeia afirmou ontem mesmo que é preciso acelerar a transição energética para a Europa ficar menos vulnerável à escalada do preço do petróleo, lembrando que 90% do gás é importado, ao passo que a Europa lidera nas energias renováveis e é nelas que deve apostar.

Von der Leyen pede "verdadeiro trabalho de equipa europeu", mas lembra que há medidas de alívio que podem ser tomadas rapidamente como ajudas de Estado, apoios específico se cortes em taxas e impostos.

"Deixem-me começar com dois factos simples. Primeiro facto: os preços do gás são cíclicos, e são fixados pelos mercados globais. Mas devido ao aumento do preço do gás, muitas famílias estão a sentir dificuldades para conseguir pagar as contas e as empresas estão em risco de fechar. Segundo facto: a energia solar é hoje dez vezes mais barata de produzir do que há 10 anos, e mesmo a energia eólica - que é, por definição, mais volátil - é hoje 50% mais barata do que há uma década", começou por referir

Segundo a presidente do executivo comunitário, "estes dois factos mostram que a transição para a energia limpa não é apenas vital para o planeta", mas também para a economia europeia e para a capacidade de resistência aos choques de preços da energia.


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