Compotas do Douro conquistam mercado internacional e chegam aos Harrods

** Texto de Paula Lima e fotos de João Miranda, da agência Lusa **

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Santa Marta de Penaguião, 16 Fev (Lusa) - Uma empresária de Santa Marta de Penaguião produz compotas e geleias tradicionais, de fruta colhida em pleno Douro, produtos bque são vendidos nas melhores lojas de França, Suiça e Brasil.

As compotas e as geleias durienses de Adelaide Lopes conquistaram mesmo o paladar do magnata egípcio Al-Fayed, dono dos célebres armazéns Harrods, em Inglaterra.

Adelaide Lopes, 50 anos, é a responsável pela confecção das compotas e geleias que, a partir do Douro, estão a conquistar o mercado internacional através das denominações "Terra Quente" e "Mil Delícias".

"Tudo começou em 1994 quando me apercebi que, para além do vinho, esta região produzia também frutas deliciosas que não estavam a ser devidamente aproveitadas", afirmou a empresária à agência Lusa.

Adelaide, que já fazia os tradicionais doces para os seus quatro filhos, em 1994 com a ajuda de uma sócia e de uma candidatura ao Programa Leader, lançou-se à conquista do mercado do paladar e do gosto.

Pouco depois a sócia desistiu do projecto e a empresária duriense teve que "arregaçar as mangas" e desenvencilhar-se sozinha.

"Quando se falava em compotas as pessoas daqui associavam tudo a uma brincadeira de uma dona de casa", disse.

Escolheu as frutas de mais qualidade, pesquisou as melhores e mais requintadas receitas e foi conquistando, gradualmente, o mercado nacional e depois o internacional.

"Quando comecei a maioria da produção era vendida para o exterior, isto porque os portugueses, na altura, davam mais valor aos produtos estrangeiros", frisou.

Adelaide Lopes garante que o fabrico das suas compotas, geleias e conservas de legumes é "completamente artesanal", recorrendo apenas à ajuda de máquinas para cortar a fruta.

É na pequena cozinha, instalada na sua casa da Quinta das Castas, que confecciona a geleia de vinho, o doce de abóbora, de framboesa e frutas silvestres, de laranja, tomate, damasco, maçã, morango e kiwi, que podem incluir variedades com amêndoa, hortelã, limonete ou aloé, outras especiarias e gengibre.

"Esta terra e este sol fornecem determinadas características à fruta, que estão na base da qualidade dos meus doces", garantiu.

E terá sido esse "sabor único", temperado pelo Sol do Douro, que conquistou o dono do Harrods, o controverso milionário Al-Fayed.

Através de uma empresa do Porto, a Terra Quente, as compotas de Adelaide chegaram aos famosos armazéns de Londres e, de acordo com Adelaide Lopes, o doce favorito do magnata "é o de laranja amarga".

"É confeccionado com base numa receita inglesa que ganha um toque especial com a nossa laranja", salientou.

Mas o doce que mais tem conquistado os seus clientes é mesmo a geleia de vinho, que, segundo Adelaide Lopes, tem que ser feita com base nos vinhos "encorpados e característicos do Douro".

A receita foi feita com a ajuda dos alunos do Curso de Biotecnologia, do Porto, e, segundo frisou, o "requinte e a qualidade" dos seus produtos fazem com que apenas esteja à venda em lojas "gourmet".

Por exemplo, em Portugal, os seus produtos podem ser encontrados na Wine O`Clock, na Gaveto ou na Coisas do Arco do Vinho.

A fruta é adquirida nas quintas do Douro e, até as amoras silvestres, são compradas aos reformados que na região se dedicam à apanha deste produto.

A empresária conta com a colaboração de duas ajudantes que, em 1999, produziram dois mil frascos de doces.

Segundo salientou, em 2006, a produção aumentou para 12 mil frascos.

"Ainda não fiz as contas ao ano passado [2007], mas deverá registar-se um pequeno aumento. Tem sido um aumento gradual", disse.

Porque não gosta de fazer stocks de grande quantidade, Adelaide prefere ir confeccionando os seus produtos ao longo do ano, e de acordo com a fruta da época, guardando-os no lagar de vinho da quinta, um sítio fresco e resguardado, que diz conservar o paladar e a qualidade dos doces.

Quando arrancou com a sua empresa, recorda que "ainda não havia praticamente nenhum tipo de legislação nesta área".

"Tive que me guiar pela legislação francesa que, na altura, já valorizava este tipo de produtos", salientou.

A receita para o sucesso, defende Adelaide, é "a qualidade dos produtos e a inovação".

Por isso, a empresária promete começar a inventar e confeccionar novas receitas, que poderão incluir a castanha.

PLI.

Lusa/Fim


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