Conselho de Ministros prepara-se para aprovar diploma da privatização da TAP

por RTP
“A pressa é inimiga da perfeição”, avisa o Sindicato dos Pilotos da Aviação Civil Pedro Nunes - Reuters

O Governo discutiu esta quinta-feira, em Conselho de Ministros, o diploma de enquadramento da privatização da TAP. O anúncio partiu, na semana passada, do primeiro-ministro, António Costa, que colocou a hipótese de alienar a totalidade do capital da companhia aérea de bandeira. O montante ainda não foi definido. Dependerá do parceiro que vier a ser escolhido.

São já vários os interessados na compra da transportadora aérea, entre os quais a Lufthansa, o grupo British Airways-Iberia e o grupo Air France-KLM. Há ainda pelo menos um consórcio português.

O presidente executivo do IAG - International Airlines Group manifestou na quarta-feira o interesse desta holding nas condições da privatização da TAP.

“Estamos sempre abertos a ter grandes empresas, grandes marcas no nosso portefólio e, para ser honesto, queremos ver as condições da privatização da TAP, porque penso que seria algo interessante para nós”, sinalou Luis Gallego, ao intervir no World Aviation Festival, a decorrer em Lisboa.
Por sua vez, o presidente da Emirates, Tim Clark, pôs de parte o interesse na aquisição da companhia aérea, antevendo, ainda assim, uma “guerra de licitações” a travar por grandes grupos da Europa.

“A guerra de licitações vai começar. É um ótimo hub no sudoeste para estes grandes players, tem acesso a rotas internacionais muito interessantes e tem uma rede europeia muito boa”, considerou Clark em entrevista à agência Lusa e aos jornais Expresso e Eco, à margem do World Aviation Festival.
“A pressa para vender a TAP é assustadora”
o presidente executivo e do Conselho de Administração da TAP, Luís Rodrigues, descreveu-se como “ grande defensor da privatização”, mostrando-se confiante de que o negócio “vai correr bem”.A TAP está atualmente na posse do Estado português, após a aprovação de um plano de reestruturação que permitiu um apoio de 3,2 mil milhões de euros.


O Sindicato dos Pilotos da Aviação Civil avisa, por seu turno, que é fundamental manter o centro de operações da TAP em Portugal. E sustenta que o Estado deve manter uma posição para defender os direitos da empresa. Ouvido no 360, da RTP3, o presidente da estrutura sindical, Tiago Faria Lopes, afirmou que “a pressa para vender” a transportadora “é assustadora”.

“Ao contrário do grupo SATA, não temos nenhum deadline para vender a companhia. Portanto, a pressa é inimiga da perfeição”, acentuou.
“Porque é que não se espera pelos resultados deste ano? Ao que tudo indica, vai ser o segundo ano com lucros, mas desta vez sem a benesse fiscal”, prosseguiu Tiago Faria Lopes.

“A gestão é privada, mas o Estado tem que manter uma posição, porque há um ponto muito fulcral: como é que a Lufthansa e a Air France fizeram? Tinham lá o Estado. Continuam lá com o Estado. Porquê? Para assegurar certas situações para não acontecer aquilo que eu estava a dizer, chegar aqui o privado, 100 por cento, tirar o hub, fazer crimes de lesa-pátria que depois alguém tem de pagar”, vincou.

c/ Lusa
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