Consórcio de bancos europeus cria criptomoeda estável vinculada ao euro

Um consórcio de nove bancos europeus, entre eles o Caixabank (dono do BPI), ING e Unicredit, vai criar uma criptomoeda estável vinculada ao euro, um novo instrumento de pagamento digital que pretendem que seja um referente no sistema financeiro europeu.

Lusa /

Esta iniciativa junta os bancos CaixaBank, ING, Banca Sella, KBC, Danske Bank, DekaBank, UniCredit, SEB e Raiffeisen Bank International.

Em comunicado, o consórcio de bancos disse que esta criptomoeda "aspira a consolidar-se como um referente de confiança no ecossistema financeiro europeu".

Os nove bancos vão criar uma empresa nos Países Baixos que pedirá licença como instituição de dinheiro eletrónico e será supervisionada pelo banco central do país.

As criptomoedas estáveis (`stablecoins` na expressão em inglês) são ativos digitais que procuram manter um valor constante em relação a uma moeda fiduciária (como dólar norte-americano ou euro) ou a um ou vários ativos (como o ouro). São usadas em pagamentos digitais e transações internacionais, especialmente em mercados emergentes.

O anúncio desta criptomoeda estável por nove bancos europeus acontece poucas semanas depois do aviso da presidente do Banco Central Europeu (BCE) para o "risco de liquidez" de fundos associados a criptomoedas estáveis.

No início de setembro, na abertura da conferência anual do Comité Europeu do Risco Sistémico (CERS), Christine Lagarde disse que as entidades que detêm as `stablecoins` devem mitigar o risco de haver uma retirada massiva de fundos dos depositantes, garantindo que têm liquidez suficiente para cumprir rapidamente o reembolso das quantias.

Já em julho, no Fórum BCE (em Sintra), Lagarde tinha afirmado estar preocupada com o risco da "privatização do dinheiro" e do enfraquecimento da soberania das regiões que daí pode advir.

"Vejo o dinheiro como um bem público e nós [banqueiros centrais] enquanto funcionários públicos. O meu medo é que a distorção das linhas possa levar à privatização do dinheiro e isso não é o objetivo do trabalho que temos feito", afirmou Lagarde.

A União Europeia (UE), através do BCE, vem trabalhando desde 2021 na criação de um euro digital, mas o processo corre devagar e precisa da aprovação dos Estados-membros e de um quadro regulatório.

Em junho, o BCE sublinhou a necessidade de lançar o euro digital considerando que as criptomoedas poderão reduzir a utilização internacional do euro.

Nos Estados Unidos, desde que assumiu a presidência do país, Donald Trump assinou ordens executivas com o objetivo de incentivar a utilização de criptoativos como forma de impulsionar o crescimento económico.

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