Consórcio Gamesa-Iberdrola promete "emprego e dinheiro" para Interior

O consórcio Novas Energias Ibéricas, liderado pelas espanholas Iberdrola e Gamesa, promete dinamizar a região portuguesa da Beira Interior, caso ganhe o concurso para autorização de produção de energia eólica, promovendo investimento e emprego na região.

Agência LUSA /

Se baterem as propostas dos consórcios liderados pela Galp, pela Union Fenosa e pela EDP, "será muito importante para a Beira Interior, pois é uma proposta que vai trazer emprego e dinheiro para a região", afirmou hoje José Donoso Alonso, director europeu da Gamesa Energia, numa apresentação para jornalistas portugueses em Pamplona, norte de Espanha.

A proposta da NEI prevê um investimento total de 1,2 mil milhões de euros, dos quais 1,055 mil milhões no projecto eólico e 135 milhões de euros na criação de cinco unidades industriais.

Destas, três ficarão na Guarda (centro logístico, fabrico de torres e geradores eólicos) e Paços de Ferreira (pás e componentes electrónicos).

Álvaro Freitas, administrador da Gamesa Energia Portugal, adianta que, dos 14 parques eólicos previstos na proposta, oito ficarão na Beira Interior, e os restantes espalhados pelo Minho e zona de Viseu.

A capacidade de produção em Portugal será de 150 aerogeradores, 300 megawatts/ano, o que representa perto de oito por cento da previsão de produção da Gamesa Eólica para o final deste ano, 3.600 megawatts.

O consórcio integra ainda as portuguesas Meci e Galucho, que vão fabricar componentes para as torres eólicas, e a Visabeira e a A.

Mesquita, que irão montar as instalações industriais previstas, na Guarda e Paços de Ferreira.

Em causa está a atribuição de pontos de ligação à rede com uma potência total de 1.500 megawatts, distribuídos por dois lotes.

O anúncio da "shortlist" que irá negociar directamente com o governo deverá acontecer até Julho, e a decisão final dos vencedores é esperada para o final do ano.

Para Donoso Alonso, o consórcio Novas Energias Ibéricas (NEI) "é o único que tem uma oferta industrial completa, que vai fabricar tudo" em Portugal, principal requisito para avaliação das propostas.

O responsável da Gamesa Energia, empresa que faz o desenvolvimento de parques eólicos do grupo espanhol, afirma ainda que os "outros concorrentes" à atribuição de pontos de ligação "estão a apresentar números inflacionados" de criação de postos de trabalho, para valorizar as suas propostas.

"É impossível ter três mil funcionários só para uma parte da fileira", afirmou Álvaro Freitas, referindo-se a um dos concorrentes que não identificou.

O consórcio da Gamesa e Iberdrola promete criar 700 postos de trabalho no total, 500 directos e 200 indirectos.

Caso percam o concurso, está em aberto se prosseguirá ou não o investimento industrial previsto, com vista a produzir aerogeradores em Portugal.

"A Gamesa só tem máquinas para entregar em 2009. Temos quatro a cinco anos de contratos em carteira. Neste momento, há interesse em produzir em Portugal", afirmou Freitas.

"Queremos investir em lugares que nos dêem garantias de futuro", em termos de crescimento do mercado de parques eólicos, como os Estados Unidos e China, diz Javier Perea, director comercial da Gamesa Eólicas, a unidade industrial do grupo.

"A Península Ibérica tem de ser o ponto de fabricação para a Europa", por permitir "economias de escala, maior controlo de custos, proximidade e organização", reforça o mesmo responsável.

Outra questão em aberto é quem irá explorar os parques eólicos da Novas Energias Ibéricas a partir de 2014, quando terminar a obrigatoriedade de manutenção do consórcio.

"Pode chegar-se à conclusão de que o casamento é interessante e deve continuar, ou, se não, vai cada um para seu lado", afirmou Freitas.

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