Corte em isenção fiscal para ouro na China continental ajuda Macau
A Associação das Ourivesarias de Macau disse hoje à Lusa que o recente corte numa isenção fiscal à compra de ouro na China continental poderá beneficiar o mercado do território.
A partir de 01 de novembro, as autoridades chinesas reduziram de 13% para 6% a isenção sobre o Imposto sobre Valor Acrescentado (IVA) em certas compras de ouro feitas por empresas.
As duas regiões semiautónomas chinesas de Hong Kong e Macau não são abrangidas pela nova política.
"Esta é uma boa notícia para a indústria", disse a vice-presidente da Associação das Ourivesarias de Macau.
"A diferença de preços entre a China continental e Macau alargou-se, levando a um aumento do negócio com visitantes que agora compram ouro aqui por necessidade", acrescentou Lei Cheok Kuan.
Lei reconheceu que ainda não se registou um aumento imediato do volume de negócios, "devido a algumas pessoas da China continental não poderem vir imediatamente a Macau".
Pequim impõe limites ao número e duração das visitas dos habitantes da China continental a Macau, assim como à vizinha Hong Kong.
No entanto, Lei notou uma tendência clara: "entre aqueles que há muito se interessam por joalharia de ouro ou investem no metal, a diferença de preço é um fator significativo nas suas decisões de compra quando estão a visitar Macau".
A mudança de política já está a afetar o mercado da China continental.
O World Gold Council notou nas redes sociais que os fabricantes e grossistas de joalharia de ouro chineses implementaram aumentos generalizados de preços, "com a subida a refletir o encargo fiscal adicional suportado pelas empresas".
O grupo joalheiro Chow Tai Fook anunciou a 03 de novembro que "ajustou os preços" de alguns produtos e está a "gerir proativamente o impacto do aumento dos custos na aquisição e produção de ouro".
O Chow Tai Fook, um dos maiores grupos chineses de joalharia, encerrou mais de mil lojas de retalho na China continental durante os primeiros nove meses de 2025, mantendo uma rede de 5.663 lojas.
Contudo, o World Gold Council esclareceu que os investidores em barras e moedas de ouro que comprem produtos de investimento diretamente a membros da principal bolsa de ouro da China, a Shanghai Gold Exchange, "não serão afetados de forma alguma".
A província chinesa de Gansu (noroeste) anunciou a descoberta de um novo jazigo de ouro de grandes dimensões na zona de Qianhongquan-Heishanbeitan, no município de Yumen, com reservas estimadas em mais de 40 toneladas, informou em outubro a televisão estatal chinesa CCTV.
O preço do ouro, historicamente considerado um ativo de refúgio em tempos de incerteza, estava hoje a baixar 0,52%, às 07:41 (hora de Lisboa), com a onça (equivalente a 31,1 gramas) a ser negociada a 4.094,5 dólares (3.556 euros), longe do máximo histórico, 4.347,86 dólares, fixado a 20 de outubro.