Corticeira Amorim vai despedir 193 trabalhadores de duas unidades fabris

A Corticeira Amorim vai despedir 193 trabalhadores de duas unidades fabris, naquele que é o primeiro despedimento colectivo na história de empresa. A líder mundial em exportação de cortiça justifica, em comunicado enviado à Comissão do Mercados dos Valores Mobiliários, o despedimento com a necessidade de adequar a produção à quebra da procura. O Sindicato dos Operários Corticeiros do Norte já veio manifestar dúvidas em relação aos contornos deste despedimento.

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Esta será a primeira dispensa colectiva na história da Corticeira Amorim RTP

Em causa estão 75 postos de trabalho na unidade de rolhas e outros 118 na de aglomerados compósitos para a indústria automóvel e construção civil. As negociações com os 193 trabalhadores vão começar de imediato.

A Corticeira Amorim justifica a redução, na unidade de rolhas, com a actual crise global que vai “certamente evidenciar” o consumo nos principais mercados-alvo do sector vinícola e alega uma perda na quota do mercado de rolha de cortiça.

Em relação ao sector de aglomerados compósitos, a empresa justifica a decisão com um “provável impacto negativo nas vendas” dos seus produtos que incluem componentes para a indústria automóvel e para a construção civil, “sectores cujas dificuldades são amplamente conhecidas”.

Trabalhadores vão reunir-se hoje em plenário

Alírio Martins, coordenador do Sindicato dos Operários Corticeiros do Norte, manifestou “dúvidas em relação aos contornos deste despedimento, e anunciou que ao longo do dia de hoje os trabalhadores vão reunir-se em plenário para debater a actual situação e tomar uma posição.

“Queremos para já conhecer a fundamentação desta decisão para podermos opinar sobre o assunto”, declarou.

Alírio Martins revelou que “já há algum tempo que se falava nesta possibilidade”, mas “não havia nada em concreto” em relação ao número de funcionários a dispensar.

Segundo o coordenador do Sindicato dos Operários Corticeiros do Norte, “os trabalhadores começaram a ser chamados segunda-feira à tarde e quarta-feira deverão começar a receber as respectivas cartas”.

“Vamos esperar para conhecer a fundamentação dos despedimentos para depois analisarmos a situação do ponto de vista sindical”, acrescentou.

Alírio Martins deixou um apelo a todos os trabalhadores do sector corticeiro para que participem numa vigília em defesa dos postos de trabalho. A vigília está marcada para sábado à noite, junto à Associação dos Industriais de Cortiça, em Santa Maria da Feira.

Para o sindicalista este despedimento colectivo poderá ter “um efeito devastador” para as pequenas e médias da região que estão interligadas.
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