Costa reuniu-se com Rutte à procura de "pontos de convergência possíveis"

por RTP
"Já todos percebemos que alguns só querem empréstimos e outros não aceitam que sejam só empréstimos" Bart Maat - EPA

Terminou ao início da noite desta segunda-feira o encontro entre António Costa e o homólogo holandês, Mark Rutte, durante o qual foi discutido o plano de recuperação económica para os países da União Europeia. O primeiro-ministro português garantiu que está a ser encontrada uma forma de "governar este fundo que assegura todos".

A discussão entre os dois chefes de Governo deu-se no quadro dos encontros bilaterais que António Costa tem mantido com outros líderes europeus antes do Conselho Europeu de sexta-feira e sábado, em Bruxelas.

Em declarações aos jornalistas no final, António Costa considerou que o importante é “encontrar pontos de convergência possíveis”, o que pode ser feito “de várias maneiras”. Uma delas é, como propõe o presidente do Conselho Europeu, atribuir agora apenas 70 por cento do montante global, “reservando 30 por cento para uma segunda fase”.
O primeiro-ministro português assegurou que os líderes dos 27 estão a trabalhar para encontrar uma forma de “governar este fundo que assegura todos”, para que “ninguém fique nas mãos dos caprichos de um só país”, mas também para que “ninguém fique livre de cumprir ou deixar de cumprir os compromissos comuns”.

“Tem de ser um plano que não pode ser nem um cheque em branco nem uma nova troika. Temos de saber combinar aquilo que tem de ser a capacidade nacional de assumir compromissos e também a responsabilidade comum para cumprirmos com os objetivos que são comuns”, esclareceu.
“Para haver acordo tem de haver compromisso”
Questionado sobre o facto de o Governo holandês pretender que o dinheiro seja atribuído em forma de empréstimos e não a fundo perdido, António Costa afirmou que “já todos percebemos que alguns só querem empréstimos e outros não aceitam que sejam só empréstimos”.

“Para haver um acordo tem de haver um compromisso”, defendeu. “A Comissão acho que fez um compromisso que foi justo, que foi propor dois terços em subvenções e um terço em empréstimos”.

“Charles Michel fez agora um novo reforço do compromisso: agora distribui-se parte e a outra parte fica para outro momento”, continuou. “Eu acho que agora a chave estará sobretudo na forma como depois são aprovados e executados os programas”.
Apoiar países mais afetados “não é uma questão de solidariedade”
António Costa disse não ser aceitável que, “como alguns dos países ‘frugais’ dizem, seja necessário impor certas condicionalidades para apoiar os países [mais afetados pela pandemia], como se fosse uma questão de solidariedade”.

Porque não é uma questão de solidariedade. É uma questão de racionalidade. A Espanha e a Itália no seu conjunto devem representar qualquer coisa como 15 por cento do valor do mercado interno. Um país como a Holanda, que deve ser o primeiro ou o segundo país que mais beneficia do mercado interno, precisa tanto que a Itália e a Espanha não estejam em recessão como nós, que temos a Espanha como primeiro cliente, como a Espanha ela própria que não quer estar em recessão”, argumentou o primeiro-ministro português.

“É uma situação em que estamos todos perante o mesmo problema, e ou saímos todos ao mesmo tempo deste problema, ou ficamos todos no mesmo problema”, acrescentou.

O chefe de Governo considerou também necessário entender que “países como a Holanda e outros querem ter a garantia de que o esforço financeiro que vão fazer para o conjunto do mercado interno é efetivamente em benefício do mercado interno e que não alimenta a pouca vontade de alguns Estados de também fazerem algum esforço para avançarem no sentido em que é necessário avançar para robustecer a sua própria economia”.

Para que se possa avançar com a recuperação económica dos 27, “é urgente que [o programa] seja aprovado neste Conselho [Europeu], que os Estados-membros rapidamente possam apresentar os seus programas já na Comissão e eles sejam aprovados e possam, no dia 1 de janeiro, começar a executá-los plenamente”, sublinhou o PM.
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